Solidão pode levar idosos à depressão, diz estudo
Pensando no acolhimento da população na terceira idade, empresas desenvolvem residenciais focados na socialização conforme grau cognitivo individual
compartilhe
Siga noUm estudo recente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra que os idosos que se sentem solitários têm quatro vezes mais chances de desenvolver depressão. Esse número aumenta drasticamente no caso daqueles que moram sozinhos. A pesquisa foi baseada no Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) e revelou que 16,8% dos participantes se sentem sozinhos com frequência, enquanto 31,7% relataram sentir solidão constantemente.
- Um terço dos idosos brasileiros têm sintomas depressivos e 16% solidão
- Depressão em idosos pode estar associada ao desequilíbrio endocanabinoide
As estatísticas são um sinal de que a solidão está profundamente ligada à saúde mental dos idosos. A depressão, associada à falta de interação social, pode afetar o físico, acelerando doenças crônicas, prejudicando a imunidade e, em muitos casos, reduzindo a expectativa de vida. Frequentemente silenciosa e negligenciada, a solidão se torna um dos maiores vilões dessa fase da vida, levando muitos idosos a uma morte precoce, não apenas pela falta de cuidados médicos, mas pela ausência de conexões e e emocional.
“A depressão é um mal silencioso que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo, e, entre os idosos, ela se torna um fator de risco ainda mais preocupante. Esse quadro pode ser ainda mais devastador para os que moram sozinhos. O isolamento social não apenas prejudica a saúde mental, mas também agrava os sintomas físicos da depressão, gerando um círculo vicioso difícil de romper", comenta o médico Telmo Diniz, especialista em cuidados com a população na terceira idade e CEO do Clara Sênior, residencial especializado no acolhimento de idosos.
"Os efeitos da solidão podem resultar em uma sensação de desesperança, que alimenta a depressão e, muitas vezes, leva o idoso a uma deterioração acelerada de sua saúde física e mental”, destaca.
Leia Mais
Porém, apesar de ser um desafio real, a boa notícia é que existe um setor especializado no cuidado dos idosos. Empresas e centros especializados já perceberam o impacto devastador da solidão na vida dos idosos e, como resposta, estão criando espaços mais acolhedores e focados na interação social entre os participantes.
Muitas dessas instituições oferecem atividades como oficinas de arte, música, dança, terapia ocupacional, além de grupos de convivência, nos quais os idosos podem interagir com pessoas da mesma faixa etária e com interesses semelhantes.
Telmo acrescenta que o conceito de socialização para os idosos não se resume apenas à convivência entre pessoas com idades semelhantes. “Sabemos que a socialização de idosos é uma missão que requer muito empenho e trabalho especializado." Esse tipo de abordagem é comprovado por diversos estudos que evidenciam que os seres humanos são biologicamente projetados para viver em comunidade.
- Conheça 5 sinais de que pessoas idosas precisam de ajuda
- Idosos: descubra as novas formas de cuidar da saúde mental
O contato social, quando feito de maneira saudável, promove a liberação de hormônios como a oxitocina, que tem um efeito positivo no cérebro e no bem-estar geral. O estudo da American Psychological Association (APA) afirma que a interação social regular pode melhorar a função cognitiva e retardar o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. Além disso, estar em um ambiente social positivo fortalece o sistema imunológico e ajuda a reduzir o estresse, um dos maiores inimigos da saúde na terceira idade.
“A solidão e a depressão representam ameaças sérias à saúde dos idosos, mas o cenário pode ser transformado. É importante que a sociedade como um todo se mobilize para garantir que mais idosos tenham o a ambientes acolhedores e programas que incentivem o convívio social”, explica.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia