Brasileiros não têm cultura de incluir ortopedia em sua rotina de cuidados
Em Minas Gerais, há pelo menos 1.600 ortopedistas credenciados na SBOT. Entidade completa nove décadas e recebe homenagens da ALMG e da Câmara dos Deputados
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Siga noEle preside a SBOT-MG, instituição que completa 90 anos em 2025. Membro da entidade desde 1996, o ortopedista Agnus Welerson Vieira foi professor de ortopedia na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e professor homenageado dos cursos de fisioterapia e medicina. Atualmente, é chefe do Serviço de Cirurgia do Ombro do Complexo Hospitalar São Francisco de Assis e também integra a Comissão de Defesa Profissional da SBOT nacional. Em entrevista ao jornal Estado de Minas, ele fala sobre a importância de os pais levarem seus filhos ao ortopedista desde cedo e sobre as principais demandas ortopédicas que chegam ao consultório.
Qual é o papel da SBOT nesses 90 anos? Haverá alguma cerimônia, algum evento para marcar a data?
A SBOT foi fundada em 1935. Ela tem uma regional em cada estado federativo. Foi criada com o objetivo de manter os ortopedistas brasileiros atualizados e incentivar a produção científica. A SBOT tem serviços credenciados para a formação de ortopedistas em todo o Brasil. Em Minas Gerais temos 26 serviços credenciados.
A primeira prova de Título de Especialista em Ortopedia e Traumatologia (TEOT) foi realizada em Belo Horizonte em 1972. Hoje, a prova de TEOT é uma das mais exigentes do país e cercada de segurança rigorosa. Isso faz dela um exemplo para as demais especialidades. Muitas especialidades médicas vêm acompanhar a prova para levar nossa experiência para as provas. A prova é realizada uma vez ao ano. Dessa forma, podemos conferir o título de membro titular ao ortopedista que realmente está qualificado adequadamente. Por isso, é importante que a população verifique se seu ortopedista é membro titular da SBOT. Isso pode ser verificado no site https://sbot.org.br.
O primeiro Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia (CBOT) foi em 1936. Atualmente, ele acontece anualmente. Este ano será em Salvador. Estamos nos preparando, em Minas Gerais, para disputar a indicação para um próximo CBOT aqui.
Somos 16 mil ortopedistas no Brasil. Em Minas Gerais, nós somos pouco mais de 1.600. Temos sete seccionais em Minas Gerais, o que nos confere uma capilaridade muito grande.
Realizamos cursos de atualização, em todas as seccionais, anualmente. Temos o Congresso Mineiro de Ortopedia e Traumatologia (CMOT), que é bienal. Temos a Revista Brasileira de Ortopedia (RBO), que publica os artigos científicos mais importantes do país. Em Minas Gerais, nós temos a Revista Mineira de Ortopedia e Traumatologia.
Em comemoração aos 90 anos da SBOT, já realizamos os seguintes eventos: 90 anos da SBOT no clássico Cruzeiro x Atlético; homenagem aos ex-presidentes da SBOT-MG; circuito 90 anos SBOT. Ainda teremos: homenagem na plenária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG); e homenagem na plenária da Câmara dos Deputados Federais.
Quais são as principais demandas da população na área? Qual é o perfil do paciente?
As demandas da população são variadas. Os cuidados começam desde o nascimento, com a ortopedia pediátrica, que cuida da criança (pés tortos e deformidades congênitas). Cuidamos dos traumas (fraturas, entorses, contusões e luxações) como, por exemplo, acidentes de trânsito. Tratamos lesões musculares, tendinosas, tumores, deformidades, patologias da coluna, dor, osteoporose, lesões do esporte. Uma demanda muito atual é a orientação preventiva para clientes que desejam uma qualidade de vida melhor.
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O perfil do nosso paciente é muito eclético. Cuidamos do paciente desde seu nascimento até suas demandas geriátricas.
Os brasileiros estão mais cientes em cuidar da saúde? Incluem o ortopedista nos check-ups anuais?
Infelizmente, os brasileiros ainda não têm uma cultura de incluir a ortopedia nos seus cuidados de saúde. Um cuidado que seria importante e não é realizado é a avaliação da mulher que se programa para engravidar. Avaliar a coluna, que é foco de dores durante a gravidez, ajudaria a programar cuidados que podem garantir uma gestação mais tranquila, além de outras patologias que são prevalentes na gestação, como, por exemplo, a síndrome do túnel do carpo e tendinite de De Quervain.
Com que idade ou quando é recomendável que os pais levem seus filhos a um especialista?
É recomendado que os pais levem seus filhos aos ortopedistas pediátricos logo após o nascimento. Patologias ortopédicas como pé torto e outras malformações são melhor cuidadas quando diagnosticadas precocemente.
Como situar a ortopedia no Brasil com relação ao resto do mundo. Podemos dizer que estamos no mesmo nível?
A ortopedia brasileira é uma referência no mundo. Já tivemos brasileiros sendo presidentes de sociedades ortopédicas internacionais. A presença de ortopedistas brasileiros apresentando suas pesquisas e trabalhos nos congressos internacionais é muito frequente. A interação de ortopedistas de outros países vindo ao Brasil para seus treinamentos é uma rotina. Temos uma ortopedia moderna e atualizada. Minas Gerais tem inúmeros ortopedistas que são referência nacional e internacional.
Quais inovações na área o senhor pode destacar e quais são os próximos os em termos de evolução no setor?
A ortopedia tem evoluído muito. Contamos com cirurgias robóticas e guiadas. O instrumental cirúrgico e as técnicas têm tido um avanço enorme. As ligas metálicas, que compõem as placas, parafusos, hastes e próteses são cada dia mais modernas, permitindo um tratamento mais seguro e eficiente. A tecnologia dos materiais e a inteligência artificial nos permitirão um futuro com melhores resultados nos nossos tratamentos.
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