Tuberculose: quem tem doença inflamatória imunomediada deve fazer teste?
Testes como o IGRA identificam a doença, quando ainda não apresenta sintomas, e devem ser feitos por pacientes em tratamento imunossupressor
compartilhe
Siga noConsiderada uma infecção séria e muitas vezes silenciosa em estágios iniciais, a tuberculose representa um risco significativo de rápida evolução às pessoas que vivem com doenças inflamatórias imunomediadas, como a artrite reumatoide, psoríase e doença de Crohn. Em virtude disso, novas recomendações brasileiras recentemente publicadas, aram a orientar a realização de testes para detectar a presença da tuberculose infecção (antiga tuberculose latente) nesses pacientes, especialmente aos que estão em início ou seguem em tratamento com terapias imunossupressoras.
De acordo com o gerente de marketing regional LATAM para Diagnósticos Moleculares da QIAGEN, Raphael Oliveira, testes como o IGRA, que identificam a tuberculose infecção, estão disponíveis no SUS e em redes de saúde privadas, e podem ser feitos com prioridade pelos grupos de risco, como é o caso das pessoas que vivem com as doenças inflamatórias imunomediadas.
“A infecção por tuberculose e sua progressão para a tuberculose ativa em pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas é complexa, portanto, a detecção precoce é o melhor caminho para conter esse avanço e complicações aos pacientes ao permitir o tratamento imediato. Esses pacientes frequentemente recebem tratamentos imunossupressores, que reduzem a capacidade do sistema imunológico de combater infecções. Além disso, têm maior risco de reativação da tuberculose infecção, devido à imunossupressão. Por esses motivos, a presença da tuberculose deve ser sempre investigada”, explica o executivo.
O que dizem as novas recomendações
De acordo com as novas recomendações brasileiras para o manejo da infecção tuberculosa em doenças inflamatórias imunomediadas, todos os pacientes desse grupo de risco devem fazer o rastreio e tratamento da tuberculose antes de iniciar a imunossupressão, independentemente da doença e do medicamento a ser utilizado.
A partir de um teste PPD com resultado igual ou maior que 5 mm ou um teste IGRA positivo – ou, ainda, aqueles que apresentarem sequelas pulmonares ou exposição recente à tuberculose – a infecção deve ser diagnosticada e tratada. Ambos os testes podem ser utilizados para o diagnóstico, exceto em pacientes vacinados com BCG nos dois anos anteriores ao início da imunossupressão; nesses casos, deve ser feito o teste IGRA preferencialmente.
Leia Mais
Ainda segundo as novas diretrizes, os testes devem também ser repetidos anualmente, nos primeiros três anos de tratamento imunossupressor. A partir de resultados indeterminados ou inconclusivos, ainda que feitos mais de uma vez, o tratamento preventivo da tuberculose deve ser considerado.
Para que fossem traçadas as novas recomendações, 42 especialistas em tuberculose e doenças inflamatórias imunomediadas participaram do estudo, cujo principal objetivo foi contribuir para melhorar o manejo da tuberculose infecção nesses pacientes, considerando riscos epidemiológicos, características da pessoa e o a recursos de saúde. A utilização de testes como o teste tuberculínico e o IGRA facilitam o diagnóstico da infecção, permitindo decisões baseadas em informações mais precisas sobre o tratamento preventivo e prevenção de complicações.
- Veja como foi o início do tratamento da tuberculose no Brasil
- Encarceramento é principal causa de tuberculose na América Latina
Como é feito o teste IGRA
Para realizar o teste IGRA do SUS, disponível também em unidades de saúde privada, o sangue do paciente é coletado e levado para análises laboratoriais que levam até 24h para dar o resultado, com alto potencial de precisão.
“O teste IGRA apresenta um diagnóstico rápido e seguro, com a precisão de testes laboratoriais, e não requer uma análise clínica do paciente após sua realização, como acontece com o PPD. A partir de um resultado positivo, o paciente já pode ser direcionado para o tratamento, a ser feito pelo próprio SUS, com medicamentos e duração variáveis, compatíveis com a fase e a gravidade em que a doença foi diagnosticada”, acrescenta o executivo.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia