
Mesmo para os que não professam a fé, a esperança em Jesus, apreciam o encontro, a decoração das árvores, da praça, os drinques e ceia, as trocas de presentes, o Natal é comemorado.
Como a diversidade é grande, há também aqueles para quem o Natal e a aproximação do fim do ano não são animadores. O balanço e o acerto de contas de cada ano – certamente neste ano devido à pandemia –, para a maioria, poderá ser negativo, e os insatisfeitos arão frustrados por não terem alcançado todas as suas metas. Nos planos econômicos, afetivos e sociais tivemos privações significativas. No balanço, a vida continua, apesar de tantas mortes.
Aqueles que tiveram ou têm problemas de família, contrariados enfrentarão algum parente, nem sempre querido e, às vezes, até mesmo odiado não são raros. E tal situação não é incômoda apenas para os envolvidos, mas também para os demais que pisam em ovos temendo ver desencadear ali um conflito aberto acabando com a festa. Nestes casos, a COVID-19 pode ser bom motivo para evitar o encontro.
A COVID-19 serve de álibi para tantas coisas que podemos realmente crer que todo sintoma tem seu ganho secundário por ser o homem capaz de tirar proveito próprio de qualquer situação. Poderia ser o Natal uma oportunidade para abrir um parêntesis na vida. Deixar de lado um pouco do rancor, largar o excesso de narcisismo em casa, permanecendo desarmado, na humildade, expondo-se a possibilidades mais positivas de conciliação e tolerância, pois a data convida à comunhão. Embora este ano seja de exceções, os laços precisam ser fortes para ar distâncias sem se desfazerem.
Como disse um autor desconhecido, “o ressentimento é como tomar veneno todo dia querendo que o outro morra”. Certamente, dói mais naquele que se ressente do que no outro que desconhece o alcance da mágoa. Se nossas vontades fizessem efeito no outro, a coisa ficaria complicada, mas elas afetam somente quem as tem. O imaginário não afeta ao outro, somente ao próprio autor, que sofre mais por seus pensamentos do que por problemas reais e concretos. Assim, antecipa coisas que o apavoram e muitas vezes nem se concretizam, ficando o “pensa-dor” sofrendo do seu penoso pesar.
Melhor desejar no Natal um presente diferente, um presente de verdade: deixar o imaginário de lado, acreditar menos nele e focar no desejo que dá sentido à vida. Pois sem desejo a vida não tem motivo. O melhor presente que cada um pode se dar é ser fiel ao desejo mais do que atender demandas alheias que não nos favorecem. Enfim, um feliz Natal aos caros leitores que sempre visitam esta página!