Brasil despenca no ranking de competitividade segundo IMD
País recua pela terceira vez consecutiva no índice de competitividade, ficando em 60º de 64 países avaliados pela IMD, instituição suíça de educação executiva
O Brasil enfrenta um declínio no seu nível de competitividade pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com um índice gerado pela IMD, uma instituição suíça voltada para a educação executiva. Conforme o estudo, o Brasil ocupa agora a 60ª posição em uma lista de 64 nações, superando apenas África do Sul, Mongólia, Argentina e Venezuela. As informações são relativas ao ano de 2022.
Este índice, em produção desde 1989, avalia a habilidade dos países de explorar as competências de sua população para gerar valor a longo prazo, baseando-se em critérios como infraestrutura eficaz, instituições apropriadas, políticas públicas e ambiente regulatório. Países mais dinâmicos e competitivos alcançam melhores posições no ranking.
A versão 2023 do ranking da IMD, anunciada na segunda-feira (19), foi produzida a partir de 336 indicadores econômicos e sociais, predominantemente do ano anterior, além da opinião de empresários entrevistados. No Brasil, a pesquisa foi realizada em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC), que consultou mais de cem executivos de diversos setores e regiões.
No topo do ranking, encontra-se a Dinamarca, que manteve a posição de liderança do ano anterior, seguida por Irlanda, que subiu nove posições, Suíça, Cingapura e Holanda.
Um dos elementos que contribui para a baixa posição do Brasil no ranking é a percepção dos empresários acerca da eficiência do setor privado, critério no qual o país retrocedeu da 59ª para a 63ª posição, segundo Carlos Arruda, professor da FDC. Esta é a pior posição que o Brasil já ocupou neste aspecto.
Outro fator que contribui para a baixa posição do Brasil é a qualidade da educação, avaliada a partir de uma combinação de dados e da percepção de executivos a respeito de como os jovens ingressam no mercado de trabalho. Neste ano, o país ficou em último lugar neste critério no ranking.
O país também apresenta desempenho insatisfatório em custo de capital, legislação trabalhista, finanças públicas e burocracia para a abertura de empresas.
Por outro lado, o Brasil demonstrou melhorias nas áreas de infraestrutura básica, atração de investimentos internacionais e preços, principalmente de combustíveis e alimentos.
Arruda pontua que, apesar da economia brasileira não ser tão ruim quanto a da Venezuela - que ocupa a última posição no ranking - a percepção negativa dos empresários acerca do próprio país, sua legislação tributária complexa e as dificuldades para realizar negócios contribuíram para a baixa posição do Brasil.
O professor da FDC considera que a aprovação da reforma tributária, atualmente em discussão no Congresso, poderia influenciar de forma positiva os dados e a percepção dos executivos brasileiros, levando o Brasil a subir no ranking e se aproximar do Chile, o país mais competitivo da América Latina, que neste ano ocupa a 44ª posição.
A entrada do Kuwait, mais competitivo que o Brasil, no levantamento deste ano também contribuiu para a queda do Brasil em uma posição no ranking.
A Dinamarca mantém a liderança do ranking pelo segundo ano consecutivo devido à qualidade de sua educação, marcos regulatórios transparentes e incentivos à inovação, conforme destacou Arruda.
O professor da FDC ressalta que ter uma alta carga tributária - no caso da Dinamarca, 45% do Produto Interno Bruto (PIB) - não necessariamente reduz a competitividade de um país.
A Irlanda, segunda colocada, avançou nove posições por ter sido capaz de atrair investimentos perdidos pelo Reino Unido após o Brexit, além de reduzir impostos, possuir boa infraestrutura, contas públicas equilibradas e um bom nível de educação, aliado à sua proximidade com a União Europeia.
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