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Estado de Minas ENTREVISTA

Paranaense oferece em BH serviço para impulsionar micro e pequenas empresas 3y1b1h

Em cinco anos, Ana Paula Pezzotto Lima quer impactar 10 mil negócios com a Canguru Expert


13/02/2022 04:00 - atualizado 13/02/2022 10:32

a e fundadora da Canguru Expert
Ana Paula Pezzotto Lima (foto: Karen Ramos/Divulgação)

Ver o pai estagnado à frente da sua mercearia, sem enxergar que poderia se profissionalizar para crescer, marcou a história de Ana Paula Pezzotto Lima. Por causa disso, ainda adolescente, a paranaense decidiu que seria executiva e fez carreira na área de vendas de uma multinacional. Anos depois, quando quis investir em um negócio de impacto, ela se lembrou do exemplo do pai e entendeu que deveria usar seu conhecimento para impulsionar micro e pequenas empresas. Ana Paula é a fundadora da Canguru Expert, empresa mineira que ajuda empreendedores, por meio de mentorias, a melhorarem a gestão e encontrar o caminho do crescimento. Em cinco anos, ela quer impactar 10 mil negócios.
 
Como começa a sua história?
Nasci em Londrina, a segunda maior cidade do Paraná. Meu pai tem uma mercearia e praticamente cresci dentro do negócio. Com cinco anos, já arrumava as prateleiras e ia com ele fazer compras. Quando cheguei aos 15, 16 anos, comecei a perceber que o meu pai não tinha funcionários, não tinha controle das contas, não tinha nada tecnológico. Tentei mostrar que isso era importante, mas na cabeça dele estava tudo certo, então desisti de brigar. Resolvi seguir outro sonho: vou ser executiva. Foi uma decisão tão firme que não tive dúvida de que faria faculdade de istração.
 
Por que pensava em ser executiva?
Peguei trauma de empreender. Empreender para mim era a prisão em que meu pai vivia, de nunca tirar férias, não ter domingo, trabalhar o dia inteiro, nem poder ficar doente. Em paralelo, via em filmes mulheres de saia lápis, salto alto e maleta, sentadas na mesa liderando as reuniões, e me imaginava assim. Queria ser aquela mulher e trabalhar em uma grande empresa. Concluí a faculdade e consegui entrar na norte-americana Bemis Embalagens, que depois foi comprada pela australiana Amcor. Era a maior empresa de Londrina e ficava no meu bairro. Morava na periferia da cidade, onde fica a área industrial, e vi essa empresa crescer. Não queria trabalhar na fábrica, como todo mundo, mas na área executiva.

Como foi sua experiência nessa multinacional?
Comecei na área de planejamento de produção. Depois fiz especialização em comércio exterior e MBA em gestão comercial, com a expectativa de ir para a área comercial da empresa, em São Paulo. Já tinha 27 anos e os meus pais estavam me pressionando para me casar. Na minha idade, todo mundo da cidade estava casado e com filhos. Não tinha filhos e nem pensava em me casar. Meu pai falava que eu só poderia sair de casa casada, então dei um jeito de morar em outra cidade e continuar solteira. De toda a família, fui a única que fiz universidade. A prioridade era casar e ter filhos. Em 2013, fui morar em Guarulhos. Dediquei-me muito ao trabalho para provar que era boa o suficiente, porque não tinha experiência como executiva de vendas. Além de tirar pedidos, comecei a oferecer serviços adicionais para os clientes. Levava um expert para dar treinamento sobre sistemas de controle de produção, levava um engenheiro de produção para dar dicas de como melhorar a eficiência. Desse jeito, fui ganhando mais valor para os clientes e conseguindo mais espaço dentro das empresas. Comecei a vender mais e ganhar mais. Virei um case. No início, as pessoas achavam que eu era doida, depois todo mundo ou a ajudar os clientes. Isso era um diferencial.

Como você veio parar em Belo Horizonte?
Conheci o meu marido, que mora em BH. Pensava que fosse ser independente o resto da vida, mas acabei me casando no fim de 2017. Quando cheguei à cidade, fui atrás de headhunter, comecei a fazer uma pesquisa de mercado e vi que BH pagava metade, às vezes até 30% do que ganhava em São Paulo. Então, resolvi abrir um negócio. O meu sonho era ter um negócio que mudasse o mundo, impactasse pessoas e gerasse transformação.

Como surgiu a ideia da Canguru Expert?
Para ter um negócio de impacto relevante, precisava entender qual era dor do Brasil naquele momento. Identifiquei o desemprego. Estávamos com o maior índice de desemprego da história, acima dos 13%. Trabalhava em multinacional, achava que empresas grandes eram as maiores empregadoras, mas isso não é verdade. Diferentemente dos Estados Unidos, aqui, mais de 50% da população trabalha em micro e pequenas negócios, que representam 99% dos estabelecimentos e 30% do nosso PIB. Então, decidi ajudar as micro e pequenas empresas a crescerem para contratar mais gente. Entrei em contato com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, e perguntei qual era a principal dificuldade para micro e pequenas empresas crescerem. Não era falta de dinheiro, era a gestão do negócio, a questão do controle financeiro. Foi aí que resolvi criar um negócio para ajudar a melhorar a gestão dessas empresas e tudo começou a se conectar. Lembrei-me da minha experiência profissional (já ajudava os clientes com isso). Depois, pensei na história do meu pai, que poderia ter tido a maior rede de supermercados do Paraná, mas não se profissionalizou, não cresceu e o negócio não foi para frente por causa da gestão. Depois me lembrei do meu marido, empresário no ramo do café, que me contou que foi uma mentoria que ajudou a empresa a crescer. Na época, eles entenderam que precisavam informatizar e implementaram o sistema mais sofisticado de gestão de negócio do mundo.
 

"A nossa maior dificuldade é engajar o empreendedor, fazê-lo compreender o benefício que vai ter se profissionalizar o negócio. Às vezes, ele está tão frustrado que não acredita em mais nada." 1x4d5i

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Você sempre teve um espírito empreendedor?
Sempre tive trauma de empreender e não queria isso para a minha vida, mas esse espírito sempre esteve dentro de mim. As três monografias que já fiz foram sobre os negócios onde trabalhava. Nunca fiz projeto em base de livros, sempre fiz estudos práticos. Então, está claro que sempre fui uma intraempreendedora, ou uma empreendedora corporativa.

Quais são as principais dores dos empreendedores?
Encontrar o caminho do crescimento e focar nele. O excesso de oportunidades pode ser uma distração tão grande que o tira do seu objetivo. Vejo que isso acontece com muita gente: gasta investimentos e energia com aquilo que não leva para o objetivo. O que nos desvia do sucesso é perder foco, pegar caminhos errados. A Canguru coloca as empresas na rota de crescimento.

Como funciona o serviço de mentoria?
O que estamos fazendo é novo. Micro e pequeno empreendedor não conhece esse tipo de solução. Está acostumado com o que é padronizado, como coach, curso, consultoria. Alguns até acertam, mas, na maioria das vezes, investem dinheiro e saem sem resolver a questão. Diferentemente da consultoria, em que o consultor analisa tudo, lhe dá um documento e você tem que implementar, a mentoria permite um acompanhamento mais direcionado, atua especificamente sobre aquela dificuldade do empreendedor. Além disso, o mentor é alguém que tem experiência naquele assunto, já ou por aquele problema, sabe do que está falando. A chance de acelerar o processo de aprendizagem seguindo alguém que já trilhou aquele caminho é muito maior. Só trabalhamos com gerentes e diretores, profissionais do alto nível de gestão, ou empresários experientes. Todos são voluntários, fazem isso de coração. Percebo que eles querem deixar um legado na história do empreendedor e da empresa. Não estão ali para ganhar dinheiro, fazem isso porque apoiam o nosso propósito de transformar a vida das pessoas. O canguru é um animal que tem aquela bolsa na barriga. O nosso canguru é o mentor, que coloca o empreendedor no colo e o ajuda a dar um salto no negócio.

O que é mais desafiador nesse mercado?
A nossa maior dificuldade é engajar o empreendedor, fazê-lo compreender o benefício que vai ter se profissionalizar o negócio. Às vezes, ele está tão frustrado que não acredita em mais nada. Oferecemos gratuitamente o processo de diagnóstico para que as empresas tenham a oportunidade de enxergar suas dificuldades. Alguns nem sabem que têm problemas e as dificuldades viram um problema crônico. Vou começar em março uma pesquisa na Universidade de São Paulo (Usp) sobre o quanto a alienação é um fator limitante de crescimento das pequenas empresas. Para mim, está clara a importância de unir a ciência, estudando o comportamento do empreendedor, com a metodologia da Canguru e a comunicação ampla para mostrar que, se não se capacitar, vai quebrar. Na minha opinião, os negócios fecharam na pandemia não por causa do lockdown, mas porque não estavam preparados para enfrentar um problema. Alguns nem quiseram se adaptar e preferiram fechar. Aonde vamos parar se não mudarmos isso? Acho muito relevante um número do programa de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que acompanha o empreendedorismo no Brasil há 20 anos: entre 2019 e 2020, nove em cada 10 pessoas abriram negócios por necessidade, ou seja, não tinham emprego e precisavam de renda. Se não pensarmos em uma solução para ajudar o empreendedor a encontrar o caminho certo, de requalificação, de crescimento sustentável, o que vai ser desses NJs daqui a 20 anos? Estou persistindo nessa luta e estou muito firme de que tenho a solução adequada.

Quem são os empreendedores atendidos pela empresa">www.canguruexpert.com

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