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Estado de Minas SÉRIE ESPECIAL

A queda e o retorno de Tó: 'Por 10 vezes, a morte esteve perto de mim' 6n1wj

Líder comunitário da Pedreira Prado Lopes que ou 22 anos preso relata como mudou de vida e ou a ajudar sua comunidade


02/10/2021 06:00 - atualizado 02/10/2021 08:25

Especial Eu sou favela
Líder da Pedreira Prado Lopes já se envolveu no mundo paralelo, mas conseguiu dar a volta por cima (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)

Dos morros mais elevados da Pedreira Prado Lopes, apontada como a favela mais antiga de Belo Horizonte, Wanderlei Rocha, de 52 anos, observa com certo arrependimento o desenrolar dos fatos que marcaram sua vida, quase inteiramente ada em sua própria comunidade. Tudo poderia ter caminhado para um lado mais tranquilo se não fosse uma sequência de situações inesperadas que por pouco não levaram ele à morte prematura.
 
Em meio século de existência, Wanderlei se enriqueceu e envolveu com o crime, ficou preso durante 22 anos, acumulou inimigos e processos na Justiça e viu dezenas de vezes armas apontadas para sua face. No entanto, soube se regenerar no tempo certo e aprender lições importantes. Wanderlei virou Tó, um líder comunitário carismático.
 
 
Tó é o terceiro personagem da série multimídia “Eu Sou Favela”, que traça o perfil de líderes comunitários de BH, publicada pelo Estado de Minas.
 
Na foto, Tó, líder comunitário na Pedreira Prado Lopes
Tó desenvolve trabalhos sociais na Pedreira Prado Lopes há vários anos (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 
Com quase 10 mil habitantes, a Pedreira Prado Lopes é um dos berços do samba e da cultura urbana da capital mineira, mas expõe uma triste realidade de vulnerabilidade social. Desde os primeiros anos do século 20, o local virou moradia de trabalhadores da construção civil e de pessoas desempregadas, justamente pela proximidade com a área central e com a rodoviária. A população se multiplicou ao longo das décadas. Vários moradores seguiram adiante o sonho de crescer por meio do trabalho, mas outros tiveram trajetórias distintas.
 

'A pessoa quer uma mudança de vida, se reintegrar à sociedade, mas é excluída de tudo. Ninguém dá emprego fixo para ex-presidiário' 1o384h

Tó, líder comunitário da Pedreira Prado Lopes 6apc

 
O caminho de Tó teve uma transformação radical. Em sua juventude, trabalhou como cobrador de ônibus recebendo salário mínimo. A quantia mal dava para custear as despesas da família. Enquanto isso, outras pessoas se enriqueciam facilmente. “Por que não tentar essa vida">

'O que adianta ter R$ 500 mil, R$ 600 mil ou R$ 1 milhão e não poder usar o dinheiro' 1w4h5i

Tó, líder comunitário da Pedreira Prado Lopes 6apc

 
Pai de nove filhos e avô de cinco netos, Tó ou a ajudar os moradores de sua comunidade, atendendo de cinco a 10 pessoas diariamente. Além de cestas básicas e produtos de higiene, ele trabalha para obter ajuda com remédios, muletas e cadeiras de rodas para amigos da periferia. 
 
Recentemente, Tó criou o o Instituto de Capacitação e Ação Social Regenerados, uma iniciativa para ajudar moradores da Pedreira Prado Lopes - não é por acaso que ele sempre usa máscara com uma logotipo que simboliza uma cruz, representando justamente sua própria história. No espaço, há aulas de muay-thay, capoeira, balé, futebol de salão e futebol de campo, além de oferecer espaço para velório comunitário, atendimento médico e odontológico, fábrica de salgados, igreja aberta para todas as religiões e uma feira com 60 estantes.

"Temos esse lugar para atender as pessoas de segunda a sábado. Há famílias que vivem da venda das mercadorias no espaço cedido pelo Regenerados e precisam dos atendimentos que são oferecidos lá", conta.
 
Tó conta bastidores de sua vida na favela
Líder comunitário vive na Pedreira Prado Lopes desde sua existência (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 
Tó ou a ter tranquilidade para atravessar a rua sem ser mal visto na sociedade. Ele atualmente exerce a função de professor de percussão e também presta serviços semanalmente à Federação Mineira (FMF) em jogos de futebol. Porém, desde que abandonou a atividade paralela, não obteve mais emprego com carteira assinada. 

“Ninguém dá emprego fixo para ex-presidiário” 5a6320

 
Segundo o líder comunitário, o preconceito é outro desafio a ser vencido. “A pessoa quer uma mudança de vida, se reintegrar à sociedade, mas é excluída de tudo. Ninguém dá emprego fixo para ex-presidiário. Há 20 anos, minha carteira não vê uma . Aqui na favela, eu sou querido e todo mundo me respeita. Mas, fora, tudo é mais complicado”.
 
Tó faz revelações surpreendentes em entrevista ao Estado de Minas
Tó usa uma máscara com a escrita "Regenerados", nome que serve de inspiração para sua própria história (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
 
Para ele, existe uma distância grande entre a liberdade de um preso e a ressocialização: “Se todas as pessoas que estiveram no crime tivessem uma oportunidade, teríamos um país melhor”, afirma. 
 
Para quem já viveu no luxo e cercado de dinheiro, viver tranquilo e ajudar os demais tornou-se um objetivo a ser percorrido. Longe dos tumultos e das situações tensas, Tó quer somente ver sua Pedreira Prado Lopes com mais igualdade e justiça, sem qualquer tipo de adversidade.


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