A história feliz começou com uma tragédia. O livreiro, que trabalhava havia três anos no mesmo local, acordou no dia 27 de junho de 2020 para descobrir que seu acervo de mais 3 mil livros tinha sido incendiado criminosamente. O desespero de quem depende disso para viver, e ou um ano dormindo na rua até consolidar seu negócio como livreiro, tocou clientes e amigos, que fizeram uma vaquinha na internet. De repente, Odilon recebeu um apoio muito maior do que poderia imaginar.

Através de uma campanha de financiamento coletivo, Odilon estabeleceu a meta de R$ 150 mil para colocar seu sebo na estrada. O projeto incluía os livros, a reforma de um ônibus para funcionar como livraria e um quarto ao fundo, que veio a ser sua casa.

O desejo de conhecer cada cantinho de Minas Gerais é cultivado há tempos pelo hoje senhor de 58 anos. O homem que já fez de tudo um pouco, desde o trabalho na lavoura, até em uma fábrica de louças e catando papelão, conta que sempre quis se aposentar viajando.
Agora, ele não pretende se aposentar, mas trabalhar vendendo seus livros, no valor de R$ 5, por todo o estado. “Sou semi-analfabeto, então sei a importância de ter o a um livro. Esse valor, de cinco reais, tem sido suficiente para eu me sustentar, então não tenho motivo para vender os livros mais caros do que isso”, conta o livreiro.

“Nada disso apaga o crime, porque pôr fogo nas coisas dos outros é crime. Mas a pessoa que destruiu, acabou me ajudando. A cidade, o país, me abraçaram, e melhoraram muito minha vida. Agora, tenho mais livros, um ônibus para rodar e minha casa”, relatou Odilon. Os responsáveis pelo incêndio ainda não foram identificados.
Enquanto o sebo itinerante não fica pronto, a banca na rua Grão Mogol com a Contorno segue a todo vapor. O volume de vendas só tem crescido nos últimos meses, segundo Odilon, com vendas de 50 a 100 livros por dia "tranquilamente".
* Estagiário sob supervisão do subeditor Rafael Rocha