
O antiviral Remdesivir, do laboratório americano Gilead Sciences, não produziu melhora em pacientes com COVID-19, de acordo com um dos primeiros testes clínicos na China divulgados prematuramente e publicados ontem pelo Financial Times. Um resumo do teste foi divulgado e posteriormente removido do site da Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo o jornal britânico.
Existem vários testes com Remdesivir, bem como com outros medicamentos, mas as notícias desse fracasso causaram um duro golpe à comunidade científica, que depositou esperanças nesse antiviral enquanto não se encontra uma vacina contra a COVID-19. O estudo chinês mostrou que "o Remdesivir não melhora a condição dos pacientes ou reduz a presença do patógeno no sistema sanguíneo", disse o Financial Times, com base no documento publicado no site da OMS.
Fontes da organização disseram ao site especializado Stat que o estudo havia sido publicado por engano no site antes de ser avaliado por um comitê de pareceristas. O teste foi realizado entre 237 pacientes aleatoriamente. Entre eles, um grupo de 158 foi tratado com a droga, e outro de 79 recebeu o tratamento-padrão. Os pesquisadores também concluíram que a aplicação do medicamento da Gilead Sciences poderia ter efeitos colaterais "significativos", então interromperam rapidamente esse tratamento em 18 pacientes. Além dos testes na China, o Remdesivir também está sendo avaliado nos Estados Unidos e na Europa, no grande estudo Discovery, cujos resultados são esperados em breve.
VACINA 3j5670
A corrida global para encontrar uma vacina, na qual participam vários países e grandes empresas farmacêuticas, deu um o adiante com a autorização na Alemanha de um ensaio clínico em humanos pelo laboratório BioNTech em colaboração com a gigante americana Pfizer. Atualmente, cinco projetos em todo o mundo estão na fase de ensaios clínicos em humanos, mas não haverá vacina antes de 12 ou 18 meses, segundo especialistas.
Enquanto isso, a pandemia continua a provocar uma crise econômica global que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), será a pior desde 1945. Nos arredores de Madri, no Bairro de Puente de Vallecas, zona modesta e da classe trabalhadora, onde vivem muitos migrantes que perderam o emprego devido à pandemia, o empobrecimento já é uma realidade.
"Eu cuidava de uma senhora de 92 anos", explica Gloria Corrales, uma empregada doméstica colombiana de 50 anos. "Fiquei gripada, era uma gripe normal, mas eles me disseram para não voltar, temiam que eu a contaminasse", lembra. Além disso, o bairro é um dos mais afetados pelo coronavírus na região de Madri, uma vez que o confinamento em vigor é difícil de ser aplicado em pequenos apartamentos, onde muitas pessoas vivem e muitas continuam trabalhando em tarefas consideradas "essenciais".
O coronavírus também afetará o mês de jejum e oração muçulmana do Ramadã, que em alguns países começou ontem e em outros hoje. Será um "Ramadã privado, longe um do outro e longe das mesquitas", disse Taulant Bica, um dos líderes da comunidade muçulmana na Albânia.