Luta essa que envolve agressões físicas ou verbais. Muitas pessoas da comunidade LGBT já ouviram alguma vez na vida na rua frases como "Isso é fase”, “Que desperdício”, “Você virou sapatão porque desiludiu com homens” e “Você é tão feminina que não parece sapatão”.
Pedro Henrique Lariano, 24 anos, é um homem gay e conta que algumas frases podem não ter impacto para quem fala, mas machucam aqueles que escutam. “Quando você é um homem gay ou uma mulher lésbica, ao longo da sua vida você sofre diversas demonstrações de homofobia, discriminação e de maneira gratuita. Uma delas que me marcou bastante aconteceu inclusive recentemente, no meu ambiente de trabalho”, disse.
“Eu trabalho com eventos e, em um deles, eu tinha que ir de um ponto até o outro. Só que nesse local onde eu tinha que ar tinha uma boa parcela do público. Era próximo de uma área de camarim de artistas. Então, o público estava ali concentrado tentando ar e segurança, fazendo todo o trabalho dele de não autorizar”, relata.

“Então isso me machucou bastante. Eu estava simplesmente trabalhando, fazendo aquilo que eu mais amo fazer, e ouvir isso ali, em alto e bom som, como uma forma de xingamento, como uma demonstração gratuita de raiva, foi algo bem marcante para mim e que me machucou bastante”, finalizou.
Traumas na infância 4tf
Este tipo agressão é comum até na infância. Lauro Moura, 22 anos, relata um caso que aconteceu ainda quando criança. “Eu sempre me considerei uma criança diferente, mesmo não entendendo muito sobre minha sexualidade. Desde quando eu estava no pré-primário, me percebendo como homem, eu sempre tive uma afinidade maior com coisas do universo feminino. Jeitos, uma personalidade mais doce e delicada. Isso foi notado desde muito cedo por colegas, coordenadores e diretores. Até conversas com meus pais foram realizadas para solicitar um acompanhamento psicológico, já que no início dos anos 2000 ainda era um assunto totalmente tabu e eu já dava sinais de que eu ser eu incomodava, era algo que causava estranhamento”, conta.

“Tem um caso que vou levar comigo até meu último dia na terra. Na hora do intervalo com outros alunos dessa creche, eu estava quieto, era bem solitário nesse período, tinha poucos amigos, conversava com poucas pessoas, andava no recreio isolado de outras pessoas devido ao estranhamento que as outras crianças tinham em relação a mim”, relembra.
“Em uma brincadeira específica, eu estava quieto e foi pedido que quatro alunos me segurasse pelo braço e me arrastaram pelo chão. Dois me seguraram pelos braços e outros dois pelas pernas. Um deles falava: 'eu quero ver ele ando por todo esse chão, eu quero ele até o chão ficar limpo', como se eu fosse um pano de chão. Eu pedia para parar por favor e só pararam quando eu parei de reagir. Eu já estava chorando muito e eu lembro que a primeira pessoa que me estendeu a mão, eu não tinha muita intimidade, mas ela me ajudou pela situação.”
“Foi um dos piores momentos, é algo que foi um marco negativo pra mim. Eu acho importante falar, sobretudo neste dia, para que atos assim não possam acontecer. Dizer para qualquer pessoa vítima de agressão física ou verbal não se cale porque nós merecemos respeito e sermos livres para amar”, pediu.
Mulheres também são vítimas 5x4ui
Não somente os homens, mas também as mulheres sofrem com a homofobia. Uma mulher lésbica, que prefere não se identificar, conta que o medo de se assumir vem por parte da rejeição em casa. “Já ouvi muitas coisas preconceituosas, mas a maior de todas é a pressão em casa. Não poder me assumir, pois a minha própria mãe fala coisas terríveis. Ela já chegou a dizer que prefere morrer que ter filha lésbica”, lamentou.
Na rua, ela já ouviu frases como “É lésbica porque um homem não te pegou direito” ou “não fica faltando alguma coisa na hora do sexo">(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Em Minas Gerais, ações para o combate à LGBTfobia têm sido desenvolvidas pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Promoção da cidadania e defesa de direitos da população LGBT+, por meio da Coordenadoria da Política de Promoção da Cidadania LGBT . Nesse sentido, mantém diálogo com demais órgãos e entidades para acompanhar a execução de políticas públicas de Direitos Humanos para esse público.
Dia Internacional Nacional e Estadual de Combate à Homofobia
A Sedese apoiou a construção e a divulgação da campanha de combate à LGBTfobia da Delegacia Especializada de Investigação de Crimes de Racismo, Xenofobia, LGBTfobia e Intolerâncias, em visibilidade ao Dia Internacional, Nacional e Estadual de Combate à homofobia, celebrado no dia 17/05. Ressaltamos também o hasteamento da bandeira LGBT na Casa de Direitos Humanos, localizada no centro de Belo Horizonte, em homenagem ao Dia Internacional, Nacional e Estadual de Combate à Homofobia.
Projeto Empregabilidade
A Sedese está elaborando o projeto, que visa capacitar 150 pessoas LGBT em cursos das áreas da Economia Criativa e Tecnologia da Informação, realizar ações de sensibilização com empresas atuantes nesses segmentos e fazer levantamento das demandas de capacitação apresentadas pelas empresas. Com isso, busca fomentar a inserção da população LGBT no mercado formal de trabalho e, assim, estimular o desenvolvimento social em MG.
Outras ações
- Qualificação das Regionais da Sedese para o devido acolhimento dos municípios dos casos de LGBTfobia e desenvolvimento de ações de educação em Direitos Humanos na temática LGBT ;
- A Sedese irá oferecer o curso de formação em Direitos das Pessoas LGBT e Identidade de Gênero, na modalidade EAD, com previsão de lançamento em junho de 2021.
- Articulação junto à Coordenadoria Estadual de Políticas para População em Situação de Rua quanto à abordagem da população LGBT , orientação quanto ao respeitado o Nome Social bem como a garantia de o aos banheiros nas instituições de acolhimento conforme identidade de gênero;
- Articulação junto à Secretaria de Justiça e Segurança Pública para acompanhamento das ações e demandas da ala LGBT , localizada na Penitenciária Jason Soares Albergaria;
- Acompanhamento das ações do Comitê Técnico de Saúde Integral LGBT nas iniciativas intersetoriais relacionadas à saúde da população LGBT.
- Reestruturação da Comissão Estadual de Políticas de Enfrentamento às violações relativas à orientação sexual e à identidade de gênero das pessoas LGBT .
- Mobilização de organizações da sociedade civil que atuam no atendimento de casos de LGBTfobia para pactuar o ao Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação– SIMA para tratativa de violações de direitos humanos contra o público LGBT .
- Articulação com a Secretaria de Justiça e Segurança Pública para tratativa dos casos de LGBTfobia. Lembramos que o REDS já tem campos predefinidos para a anotação do nome social, orientação sexual e identidade de gênero.