Vivaldo José Breternitz
São Paulo
“A pandemia nos jogou numa crise econômica que, segundo o FMI, é a pior desde a grande depressão de 1929. Mas, como naquela ocasião, sairemos da crise, e sabe-se que essa saída pode tomar formas diferentes, em diferentes países. Imaginemos um gráfico mostrando o desempenho da economia; atualmente, de forma generalizada, esse desempenho está em queda. Uma das formas de saída seria representada por um gráfico em forma de U: após a queda, a economia permaneceria num nível baixo durante alguns meses e depois começaria a se recuperar, com o gráfico subindo como a segunda perna do U. O FMI acredita que esse é o modelo mais provável para boa parte do mundo a partir de 2021, evidentemente desde que não aconteça uma grande segunda onda da pandemia. O que todos desejam é uma curva em forma de V, em que a queda abrupta é seguida por uma recuperação muito rápida. O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer que isso ocorreria no Brasil, embora os fatos pareçam estar desmentindo-o, como também está ocorrendo em outros países.
A curva do tipo W retrata um cenário temido: diversos ciclos relativamente curtos de subidas e descidas, tornando difícil o planejamento para governos e empresas e a sobrevivência de muitas dessas. Seria o cenário mais provável caso outras ondas da pandemia sobrevenham. Mais temido ainda é o cenário representado pela curva L: uma queda extremamente violenta e uma possível recuperação a longuíssimo prazo. Na história recente, há exemplos de ocorrência dessas curvas: a crise de 2008 gerou curvas W na Europa e U nos Estados Unidos. Curva do tipo L aconteceu no Japão nos anos de 1990: deflação e crescimento econômico extremamente lento. Neste momento, a economia chinesa parece estar vivendo uma curva V, que esperamos possa se tornar a regra, não a exceção.”