
O apresentador Marcos Mion foi alvo de uma série de críticas após a publicação de um vídeo desaprovando as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre deficientes intelectuais em uma declaração sobre os ataques recentes às escolas brasileiras. Internautas retrucaram a declaração de Mion resgatando uma série de fotos do encontro dele com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que ocorreu em 2020.
O vídeo em questão critica uma declaração de Lula, que afirmou, em reunião com ministros e governadores sobre prevenção de violência nas escolas na última quarta-feira (19/4), que “pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso”.
A fala, de acordo com Mion, é considerada capacitista, e o termo, inadequado. “Temos de nos policiar, de aprender, de nos adequar. Isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no ado”. Segundo o apresentador, o termo correto a se falar é “deficiente intelectual”, e não “mental”.
Considerado um forte ativista anti-capacitismo desde que seu filho Romeo, de 17 anos, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Mion enfatizou no vídeo que boa parte da população do país não tem o à informação e pode reproduzir e repercutir negativamente as falas do presidente.
“Sem contar a enorme quantidade de brasileiros que não têm o à informação, daí chega o presidente e fala isso. A gente, aqui, lutando pela aceitação, conscientização, normatização de todas essas condições, noite e dia. Essa pessoa sem informação pode olhar para seu filho com deficiência intelectual e perder as esperanças, porque se o presidente diz que ele tem um parafuso desequilibrado, para que ela vai continuar lutando">Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CipTEA). A norma leva o nome de Romeo Mion, filho do ator e apresentador.
De forma não costumeira, a lembrança deste momento levou Mion a ser criticado tanto por apoiadores de Lula quanto de Bolsonaro.
“Engraçado ele [Marcos Mion] dizer que a fala de um presidente incentiva outras pessoas. Estou procurando o vídeo dele sobre as falas e atitudes do Bolsonaro, como incentivar criança a violência, pintar clima com criança, dizer que tem que fuzilar a oposição… [e não encontrei]”, escreveu um usuário do Twitter.
“Mesmo o Bolsonaro tendo sancionado a Lei Romeo Mion, uma das causas defendidas por Michelle Bolsonaro, o apresentador, ator e ativista na causa autista, na qual se engajou após ter seu filho Romeu autista, Marcos Mion fez o L. Ingrato! Agora fica reclamando do ladrão”, disse outro.
No vídeo do apresentador, ele ainda pede por uma via de mão dupla para que haja conscientização e respeito coletivo a respeito das pautas anti-capacitistas, e inclui a participação do atual presidente do Brasil.
“Não adianta nada eu e milhares de perfis seguirmos postando conteúdo se quem está do outro lado escuta e joga fora tudo que ouviu. É preciso que cada um se comprometa também a mudar, ouvir, aprender e nos ajudar a ar isso adiante. E incluo o presidente Lula nisso. Antes de se propor a falar por todos, o candidato a presidente deve conhecer e respeitar a todos. O mesmo vale para todas as autoridades que nos representam”, declarou.