Distante da imagem de atriz feminista de Hollywood, Meghan Markle, mulher do príncipe Harry, está de volta à Netflix em série sobre culinária, jardinagem e amenidades. Nos oito episódios de “Com amor, Meghan”, a duquesa de Sussex cuida do jardim sob o sol da Califórnia, prepara refeições em uma cozinha impecável e trabalha como apicultora.


Dois anos depois da estreia do seriado “Harry e Meghan”, sob o clima da tensa ruptura do casal com a família real britânica, agora o ambiente é sereno e festivo.

“Não buscamos a perfeição, mas diversão”, diz Meghan Markle sobre os novos episódios. Sorrindo, afirma que sempre gostou “de transformar algo comum em sofisticado”. Ela explica que a nova série é continuação do blog The Tig, encerrado contra sua vontade quando ingressou na família real.


“Quem me acompanha desde 2014 no Tig sabe que sempre adorei cozinhar, bricolagem e jardinagem”, afirma.


“Ela está tentando reconstruir sua imagem”, diz Pauline MacLaran, professora da Royal Holloway University, em Londres, que compara o “reposicionamento” da mulher do príncipe Harry ao movimento tradwife (esposa tradicional).


Trata-se de uma tendência muito presente nas redes sociais dos Estados Unidos, em que esposas dedicadas à família contam histórias cotidianas.


Até então, Meghan se apresentava como mulher engajada sem medo de expressar suas opiniões. O texto publicado no site da família real na época do casamento com Harry, em 2018, a descrevia como “orgulhosa de ser feminista”, com “forte consciência das questões sociais”.


Desde que deixou a família real, a duquesa se manifestou sobre a discriminação racial e a mudança climática, entre outras causas. Mas os tempos estão mudando.


De volta ao Instagram no início de janeiro, Meghan anunciou, em fevereiro, a troca do nome de sua marca American Riviera Orchard para As Ever. A empresa vende alimentos e utensílios domésticos.


“Ela está em uma fase particular da vida, com dois filhos pequenos. Inevitavelmente, isso tem impacto em sua maneira de ver as coisas”, observa Pauline MacLaran.


Para a professora, Meghan Markle “não pode errar”, depois de ser frequentemente criticada por tabloides britânicos e descrita como “ditadora de salto alto” pela Vanity Fair.

Velas de cera e arranjos florais

Nesse “reposicionamento”, a duquesa colhe mel para seus doces, faz velas de cera de abelha, prepara festa do chá para crianças, recebe o chef Roy Choi, com quem aprende um pouco da picante cozinha coreana, dá dicas de arranjos florais e organiza brunch com a chef Alice Waters.


A “nova Meghan” foi recebida com azedume do outro lado do Atlântico. “Exercício de narcisismo, repleto de brunchs extravagantes, amigos famosos e anúncios de negócios”, afirmou o jornal inglês The Telegraph.


O The Guardian decretou: “Dê adeus ao acordo com a Netflix. 'Com amor, Meghan' é tão inútil que pode ser o último programa de TV dos Sussex.”

“COM AMOR, MEGHAN”


• Série com oito episódios, disponível na plataforma Netflix

compartilhe