BIENAL MINEIRA DO LIVRO

Conceição Evaristo é recebida como 'pop star' na Bienal Mineira do Livro

Escritora e imortal da Academia Mineira de Letras (AML) participou da última mesa-redonda deste sábado (3/5), onde comentou sobre sua trajetória e obra

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Não é exagero dizer que Conceição Evaristo é um verdadeiro fenômeno. Escritora consagrada e atual ocupante da cadeira 40 da Academia Mineira de Letras (AML), ela foi a grande atração da última mesa-redonda deste sábado (3/5) na Bienal Mineira do Livro. Diante de um público de cerca de 300 pessoas, foi ovacionada de pé, sob aplausos e gritos de seu nome, enquanto se dirigia ao palco.

Conceição participou da mesa “Escrevivência: Letra e voz abrindo nossas veredas”, mediada pela curadora-geral da Bienal, Guiomar de Grammont. No encontro, a imortal da AML falou sobre a influência da família em sua trajetória literária, sua relação com Belo Horizonte e o conceito de “escrevivência” — termo que desenvolveu durante o mestrado e que articula escrita e vivência a partir de uma perspectiva negra e feminina.

“Voltar a Belo Horizonte é, cada vez mais, fazer as pazes com essa cidade, que há tempos tem me acolhido, mas também me expulsou”, afirmou. “Saí em 1973, depois de me formar. Na época, não havia concurso para o magistério. Para conseguir dar aulas, era preciso ser indicada. Então, fui para o Rio de Janeiro”, relembrou.

Conceição também evocou as marcas da história urbana da capital mineira. “Naquele período, acontecia o processo de desfavelamento do Bairro Cruzeiro. Meu umbigo está, de fato, enterrado ali, naquele lugar. Então, quando pisarem ali, façam isso com o maior respeito”, destacou.

A escritora contou que cresceu em uma família “faladora” – conforme comentou a este repórter certa vez: “Lá em casa, tinha até briga para ver quem é que ia contar os casos primeiro”.  Assim como Maria Nova, de seu romance “Becos da memória” (2006), Conceição chegou a conclusão que não poderia guardar todas essas histórias para si. Havia dentro dela uma necessidade de compartilhar com o máximo de pessoas possíveis tudo o que ouviu.

Na programação da Bienal Mineira do Livro, Conceição Evaristo falou sobre a influência da família em sua trajetória literária, sua relação com Belo Horizonte e o conceito de "escrevivência", termo que desenvolveu durante o mestrado e que articula escrita e vivência a partir de uma perspectiva negra e feminina

Na programação da Bienal Mineira do Livro, Conceição Evaristo falou sobre a influência da família em sua trajetória literária, sua relação com Belo Horizonte e o conceito de "escrevivência", termo que desenvolveu durante o mestrado e que articula escrita e vivência a partir de uma perspectiva negra e feminina

Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press

Contudo, ela levou um bom tempo para fazer isso. Como vivia em uma família grande e pobre, teve que começar a trabalhar cedo. Aos oito anos, já era empregada doméstica. Concluiu o ensino escolar aos 25 anos, ingressou no curso de Letras e, na sequência, fez mestrado na área. Foi só aí que estreou na literatura, publicando contos na série Cadernos Negros, editada pelo grupo Quilombhoje.

Em 2003, lançou “Ponciá Vicêncio”, seu primeiro romance. Vieram depois “Becos da memória”, “Poemas da recordação - E outros movimentos” (2008), “Insubmissas lágrimas de mulheres” (2011), “Olhos d’água” (2014), “História de leves enganos e parecenças” (2016) e “Canção para ninar menino grande” (2018). 

Vencedora de prêmios como Jabuti (2015), Família da Liberdade (2007), Ori (2007) e Juca Pato de Intelectual do Ano (2023), Conceição Evaristo se tornou leitura obrigatória para quem pretende entender o protagonismo feminino, a discriminação racial e de gênero.

Conforme antecipou o Estado de Minas, Conceição Evaristo receberá o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A informação foi confirmada pela reitora da instituição, Sandra Regina Goulart Almeida. A concessão de títulos de Honoris Causa será uma das ações comemorativas do centenário da universidade, que será celebrado de setembro de 2026 a setembro de 2027. A UFMG foi fundada em 7 de setembro de 1927.

Embora ainda não tenha sido definida a data exata para a cerimônia de outorga do título a Conceição Evaristo, a previsão é de que ela ocorra durante as comemorações dos 98 anos da UFMG, marcadas para 8 de setembro.

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