Indígenas são agredidos por policiais no carnaval de MG; veja vídeo
Militares alegaram que foram atacados anteriormente após dispersar uma briga no local; ministérios Público e dos Povos Indígenas foram acionados
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Siga noTreze indígenas da aldeia Katurama foram agredidos por policiais militares em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, durante o carnaval na madrugada deste domingo (2/3). De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), os indivíduos agrediram os policiais anteriormente, resultando na prisão de cinco pessoas, que já foram liberadas.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento em que um homem, já algemado, é empurrado por um militar e cai no chão. Em seguida, uma mulher clama para que as agressões sejam interrompidas e diz que o indivíduo é seu primo. Segundo a advogada que acompanha o caso, Verônica Viana, havia uma mulher entre o grupo, além de crianças terem sido atingidas no rosto por spray de pimenta.
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“Indígenas de duas retomadas estavam saindo pela primeira vez para uma festa na cidade, e aí teve um desabafo ali na na festa e a polícia respondeu imediatamente com muita violência. O cacique chegou para o comandante da operação, se apresentou tentando intermediar a situação e foi imediatamente agredido com muita violência por uma das forças. Os policiais também proferiram falas racistas, de que eles não eram indígenas de verdade, eram invasores”, conta a advogada.
Na manhã deste domingo, a deputada federal Célia Xacriabá (PSOL-MG) acionou o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), assim como a Defensoria Pública e a Polícia Federal (PF) para averiguar a violência contra os indivíduos pertencentes a povos originários.
“Em pleno carnaval, fomos surpreendidos com essa notícia de repressão policial contra os parentes. Nosso mandato está apurando e junto ao Ministério Público e Ministério dos Povos Indígenas estamos indo ao local acompanhar esse caso de extrema violência contra os parentes indígenas”, disse a deputada em publicação nas redes sociais.
No mesmo post, Xacriabá afirma que cinco pessoas foram presas em Ibirité, também na Grande BH, mas que houve um número maior de pessoas agredidas, sendo que algumas delas precisaram de atendimento médico devido à gravidade das lesões.
Indignação
A deputada alegou, ainda, que a violência pode estar associada ao fato de serem indígenas, uma vez que a presença de povos indígenas em alguns ambientes incomoda outras pessoas. Em outro vídeo, Célia reforça que esse tipo de ação não pode ser aceita e pede ao cacique Aracuã comente sobre a violência sofrida.
“É muita vergonha, muito constrangimento que nosso povo vem sofrendo ali em Brumadinho, porque somos o pulmão do mundo. Trabalhamos na parte da preservação ambiental hoje, não só para nós, mas para nossos netos, bisnetos e a nova geração, mas ali [Brumadinho] é um lugar em que eles não aceitam indígena. Eles não querem nossa presença. Eles falam que nós somos lixos, que somos invasores, mas é ao contrário. Nós somos o pulmão do mundo”, repudia Aracuã.
Para ele, foi vergonhoso ser recebido pela primeira vez em um evento como carnaval com agressões, tratados como “bandidos na frente de familiares”. Ele alega que os policiais militares os chamaram de “lixo” e “invasores”. Um dos indígenas presos, bastante machucado, Anderson Silva Bispo, demonstrou bastante tristeza e indignação diante da violência sofrida.
“Policiais de Brumadinho, tudo covarde, me agrediu no canto, no beco, no escuro só porque fui defender um casal com meu primo. Eles me pegaram e moeram no pau. A minha filha e a Isabela [outra moça] também foram agredidas, só porque estava com fardinha e pistola na cintura. Minha revolta é essa. Tem que punir todos”, disse.
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À reportagem do Estado de Minas, a PMMG informou que os militares visualizaram uma rixa na multidão sendo necessária intervenção policial para separar os agressores durante um patrulhamento no evento Brumas Folia 2025. Quando a dispersão começou, os indivíduos agrediram os policiais na região da cabeça, sendo socorridos no Hospital da Polícia Militar (HPM), atendidos e liberados.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck