Baianas Ozadas ocupa Afonso Pena e espalha axé pelas ruas do Centro
O bloco, que deu início ao um desfile na manhã desta segunda-feira (3/3), fez a sua tradicional lavagem da escadaria da Igreja São José
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Siga noDesde a ascensão do atual carnaval de rua de Belo Horizonte, movimento iniciado há pouco mais de uma década, alguns blocos conseguiram aram a se destacar pela sua identidade marcante - e poucos fazem isso tão bem quanto o Baianas Ozadas. O bloco, que deu início ao um desfile pela Avenida Afonso Pena na manhã desta segunda-feira (3/3), fez a sua tradicional lavagem da escadaria da Igreja São José, ato que se tornou um dos momentos chaves da folia belo-horizontina.
O tema do desfile deste ano foi “Mulher, você gera o mundo: mais respeito, mais amor”. A temática difere dos anos anteriores, no qual sempre era homenageada uma personalidade diferente - para realizar o espetáculo, são 200 integrantes, divididos igualmente entre bateria e ala de dança. No setlist, o axé, ritmo característico da Bahia, esteve em evidência.
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O fundador do bloco, Geo Ozado, explicou ao Estado de Minas que a motivação para a temática deste ano se deu devido à presença majoritariamente feminina entre os integrantes do Baianas Ozadas, além da alta taxa de feminicídio em Minas Gerais.
“Decidimos colocar essa discussão no centro do carnaval porque acreditamos que é um momento de reflexão que pode possibilitar novas consciências e novos comportamentos, sobretudo dos homens”, afirmou o fundador.
São as mulheres, inclusive, que ocupam a maior parte das fileiras na lavagem da escadaria da Igreja São José. O ato ecumênico é feito em reverência às águas de Oxalá na cerimônia da Colina do Bonfim, que abre a folia em Salvador.
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Antes, por volta de 9h40, foi feita uma apresentação de dança na escadaria, ao som de batuques e tambores, que levou centenas de foliões a se espremerem nas grades da igreja para tentar ver o espetáculo do melhor lugar possível.
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Enquanto no trio autoridades públicas e membros da sociedade civil discursavam contra a violência de gênero, um mestre de cerimônias fez a tradução em libras para que o público surdo também pudesse acompanhar.
A produtora Polly Paixão explica que é um desafio juntar a identidade baiana do bloco com a mineiridade do Carnaval de BH, mas defende que, hoje, o nosso carnaval supera a folia de Salvador.
“O carnaval daqui é muito melhor, porque não tem abadá. Todo mundo é igual. No carnaval não tem médico, não tem dentista, não tem ninguém mais importante do que o outro”, defende.
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A lavagem foi acompanhada do lançamento de pó de pemba, ritual de sincretismo entre o catolicismo e as religiões de matriz africana, e que serve para limpeza espiritual.
“Lindo, maravilhoso, emocionante”. Foi assim que a foliona Cristiane Araújo, de 48 anos, descreveu a cerimônia de lavagem da escadaria. Ela conta que todo ano vai ao bloco e busca sempre ficar colada à grade para fazer parte da limpeza - este ano, ela chegou às 7h para garantir o espaço. Dessa vez, Cristiane começou o dia de folia com o corpo molhado e um raminho de flores da lavagem nas mãos.