Laudo confirma que DNA encontrado em vítima é de mastologista preso
O médico foi denunciado pelo MPMG por estupro consumado, estupro tentado e importunação sexual
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Siga noLaudo de confronto de DNA confirmou que a amostra de material biológico recolhidas das vestes de uma vítima são compatíveis com o mastologista Danilo Costa, suspeito por estupro no Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira, na Região Central de Minas Gerais. O acusado está preso e foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por estupro consumado, estupro tentado e importunação sexual contra 10 mulheres.
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O órgão informou que o exame foi produzido pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil e realizado a partir do recolhimento de material biológico de itens pessoais do acusado. Exames periciais já haviam constatado a presença de PSA, uma proteína produzida pelas células epiteliais da próstata, no corpo da vítima.
O teste feito anteriormente também revelou que não havia presença de espermatozoide na amostra. “Isso indica que o material colhido pertence a um homem vasectomizado. Durante as investigações, conseguimos verificar que esse suspeito havia feito essa cirurgia [vasectomia] tempos antes. Isso é mais um indício que robustece as investigações”, explicou o delegado João Martins Teixeira na época do primeiro indiciamento.
Danilo Costa deu entrada no Presídio de Barão de Cocais, na mesma região do estado, em 12 de fevereiro, onde continua preso.
A reportagem entrou em contato com a defesa do acusado para pedir um posicionamento sobre o resultado que confirmou que a amostra de material biológico recolhidas das vestes da vítima são compatíveis com o mastologista, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Réu
Em 17 de fevereiro, Danilo Costa foi indiciado por estupro, assédio sexual, violação sexual mediante fraude e importunação sexual contra 15 vítimas. O MPMG ofereceu denúncia contra ele em 21 de fevereiro, pelo estupro de seis vítimas, pela tentativa de estupro de outras duas mulheres e por importunar sexualmente outras duas.
Próximo a conclusão da primeira primeira investigação, um segundo inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) porque outras cinco mulheres procuraram a corporação para denunciar o mastologista.
Promotora da 3ª Promotoria de Itabira, Marianna Michieletto afirma que as vítimas se sentiram encorajadas a denunciar o mastologista após a primeira acusação vir à tona, em 24 de janeiro. “O que todas essas vítimas que apareceram após o dia 24 tem em comum é que todas elas tiveram medo de ser desacreditadas e por isso não denunciaram antes, medo da palavra delas não bastar contra a palavra do médico, o receio de achar que eram as únicas vítimas, a vergonha, muitas eram casadas e não tinham contado para os cônjuges o que tinha acontecido”, afirmou Michieletto.
Investigação
Os possíveis crimes cometidos pelo mastologista começaram a ser investigados após a Polícia Militar ser acionada pela filha de uma paciente que teria sido estuprada pelo homem, dentro de seu consultório, em 24 de janeiro. A paciente fazia acompanhamento oncológico em Itabira, mas mora em João Monlevade, cidade a 36 quilômetros de distância. A promotora Marianna Michieletto conta que, na ocasião, a violação foi seguida de violência uma vez que a vítima relatou que o profissional teria tapado sua boca e a impedido de pedir ajuda.
Conforme o registro policial, depois do abuso, Danilo teria entregado à vítima uma receita médica e pedido que ela voltasse para uma nova consulta em 90 dias. Além disso, ainda segundo o boletim de ocorrência, o investigado teria pedido que a paciente fosse embora por um corredor lateral para não ser “percebida”.
Na época, a Polícia Militar chegou a procurar o médico em seu local de trabalho e em casa para a prisão em flagrante, mas ele não foi encontrado. A vítima então foi encaminhada para o hospital e seguiu todo o protocolo de encaminhamento de vítima de crime contra a dignidade sexual.
Com a denúncia, o Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira, afastou o profissional de suas funções. Em 4 de fevereiro, Danilo Costa foi preso preventivamente. No dia 6 daquele mês, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o pedido de revogação da prisão.
Uma das últimas vítimas a denunciar o homem contou que a violação aconteceu durante um exame de ultrassom. A mulher relatou à polícia que na ocasião estranhou o ato libidinoso e chegou a cogitar se o que estava acontecendo fazia parte do exame. “ei pelo constrangimento durante todo o exame. Fez um comentário muito desagradável sobre o meu corpo. Chegou a perguntar se eu tinha silicone”, contou.
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Já uma funcionária da unidade de saúde contou aos policiais que o médico, sempre que a encontrava nos corredores do hospital, a obrigava a abraçá-lo, o que lhe causava grande constrangimento. Para a promotora do caso, o mastologista se aproveitou que as vítimas estavam em momento de vulnerabilidade para cometer os crimes.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck