Poços de Caldas registra primeiro caso de febre amarela em humano
Informação foi confirmada pela prefeitura do município nessa quarta-feira (2). Paciente está em tratamento médico
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Siga noA Prefeitura de Poços de Caldas, no Sul de Minas, confirmou o primeiro caso de febre amarela em humano no município nessa quarta-feira (2/3). Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o paciente, um homem de 36 anos, está em tratamento médico e sendo monitorado pelas autoridades de saúde.
“A confirmação reforça o alerta para a circulação do vírus na região, que se encontra em um corredor ecológico onde, desde janeiro, já havia sido registrado um caso em primata não humano. Desde então, diversas ações de enfrentamento têm sido realizadas na cidade, como campanhas de vacinação, Dias D, capacitação de profissionais de saúde, visitas domiciliares para verificação de cartões vacinais, atividades em escolas e empresas, além da imunização do funcionalismo público”, divulgou a prefeitura.
Com a confirmação do caso da doença, a Secretaria de Saúde informou que vai intensificar as ações de combate. Na manhã de ontem, o Comitê de Enfrentamento de Arboviroses convocou os agentes de endemias para uma reunião de atualização e definição de novas diretrizes para as visitas domiciliares e a verificação dos dados vacinais.
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“A Secretaria reforça que a vacinação é a principal medida de prevenção. O município conta com 16 salas de vacina, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30. Além disso, o próximo “Dia D” está previsto para sábado, 12 de abril”.
Macaco encontrado com vírus
Na semana ada, um macaco encontrado morto na zona rural de Paraisópolis, no Sul de Minas, estava infectado com o vírus da febre amarela. A confirmação foi divulgada pela prefeitura do município e reacendeu o alerta para a circulação da doença na região, a primeira do estado a registrar casos em humanos neste ano.
De acordo com a Vigilância em Saúde, o vírus foi identificado por meio de análise laboratorial. A pasta enfatiza que macacos não transmitem a febre amarela aos humanos. Eles funcionam como "sentinelas naturais", ou seja, servem de alerta precoce da presença do vírus no ambiente.
A recomendação é que a população proteja esses animais e informe imediatamente às autoridades sanitárias caso apresentem comportamentos anormais ou estejam mortos.
Casos em humanos
Até o dia 12 de março, Minas Gerais registro três mortes por febre amarela em 2025. Um dos pacientes tinha de 49 anos, era morador de Pouso Alegre, no Sul de Minas, considerado também o Local Provável de Infecção (LPI), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). A pasta não informou a data da morte.
As duas outras mortes no estado por febre amarela aconteceram em Extrema, também no Sul de Minas. Uma das vítimas foi um jovem de 21 anos, morador de Bragança Paulista, no estado de São Paulo. A SES-MG afirma que ele era vacinado, e o provável local de infecção era em Joanópolis (SP). A morte aconteceu em um hospital em Extrema.
O outro caso no município do Sul de Minas foi um paciente do sexo masculino, de 69 anos, sem registros de vacina. O LPI é Extrema, onde morava.
A imunização é a principal ferramenta para a prevenção e o controle da febre amarela. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina para a população em todas as Unidades Básicas de Saúde do Estado. A vacina é indicada conforme recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) para pessoas a partir de 9 meses de idade. O esquema vacinal em crianças menores de 5 anos de idade compreende duas doses, sendo a primeira aos 9 meses de vida e uma dose de reforço aos 4 anos de idade.
Vacinação
Em pessoas de 5 a 59 anos de idade, não vacinadas, a recomendação é istrar uma dose única. Nas demais situações, caso a pessoa tenha recebido apenas uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade, deve ser istrada uma dose de reforço, independentemente da idade atual.
Pessoas com 60 anos ou mais de idade poderão ser vacinadas após avaliação das condições de saúde e existência de possíveis contraindicações à vacinação. A viajantes internacionais e para áreas com evidência de circulação do vírus febre amarela (em humanos ou epizootias), não vacinados, a recomendação é que seja istrada uma dose da vacina com pelo menos com 15 dias de antecedência da viagem.
A doença
No Brasil, o ciclo da doença atualmente é silvestre, com transmissão por meio dos mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Os últimos casos de febre amarela urbana foram registrados no país em 1942, e todos os casos confirmados desde então são atribuídos ao ciclo de transmissão em zonas de mata ou rurais.
A doença é endêmica na região amazônica, mas, de tempos em tempos, emerge na extra-amazônica. O padrão é sazonal, com a maior parte dos casos incidindo entre dezembro e maio. Surtos ocorrem quando o vírus encontra condições favoráveis para a transmissão, como altas temperaturas, baixas coberturas vacinais e alta densidade de vetores (os mosquitos) e hospedeiros (macacos e seres humanos).
A partir de 2014, o vírus reemergiu na Região Centro-Oeste do país, se espalhando nos anos seguintes para as demais regiões. Entre 2014 e 2023, foram registrados 2.304 casos de febre amarela em humanos, sendo que 790 chegaram a óbitos no Brasil. Em Minas, o pior período ocorreu entre 2016 e 2018.
Dentre as recomendações do Ministério da Saúde estão o alerta para que equipes de vigilância e de imunização intensifiquem as ações nas áreas afetadas, com ampliação para municípios vizinhos; a notificação do adoecimento ou morte de macacos; e a atenção a sintomas de febre leve e moderada em pessoas não vacinadas.
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Em casos graves, a pessoa infectada por febre amarela pode desenvolver alguns sintomas, como: febre alta; icterícia; hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Ainda conforme o Governo Federal, de 20% a 50% dos pacientes que desenvolvem a doença podem morrer. “Assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas, é fundamental buscar ajuda médica imediata”.