Médico réu por estupro em Itabira é indiciado por mais quatro ataques
Danilo Costa responde por estupro, estupro tentado e importunação sexual cometidos contra 10 mulheres. Vítimas são pacientes e funcionárias de hospital
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Siga noO médico mastologista Danilo Costa foi indiciado suspeito de cometer crimes contra a dignidade sexual de outras quatro mulheres. Assim como no primeiro inquérito, em que foi apontado como principal suspeito de violentar 15 vítimas, o homem poderá responder por estupro, importunação sexual, violação sexual mediante fraude e assédio sexual. Os crimes foram cometidos em Itabira, na Região Central do estado. Ele está preso desde 4 de fevereiro.
De acordo com o delegado João Martins Teixeira, responsável pelo inquérito, as novas vítimas têm entre 36 e 50 anos. Elas também foram pacientes do médico e funcionárias do Hospital Nossa Senhora das Dores, onde o suspeito trabalhava.
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“A decisão de indiciamento foi tomada com base em depoimentos e elementos que indicam a prática de atos ilícitos que ferem a dignidade sexual e a integridade das vítimas. A garantia de direitos das mulheres vítimas de crimes sexuais é fundamental para o desenvolvimento democrático da nossa sociedade”, pontua Teixeira.
Na época da primeira investigação, a perícia da Polícia Civil colheu amostra biológica das vestes de uma das vítimas. No início deste mês, o laudo de confronto de DNA confirmou que havia compatibilidade com o réu.
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o exame foi produzido pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil e realizado a partir do recolhimento de material biológico de itens pessoais do acusado. Exames periciais já haviam constatado a presença de PSA, uma proteína produzida pelas células epiteliais da próstata, no corpo da vítima.
O teste feito anteriormente também revelou que não havia presença de espermatozoide na amostra. “Isso indica que o material colhido pertence a um homem vasectomizado. Durante as investigações, conseguimos verificar que esse suspeito havia feito essa cirurgia [vasectomia] tempos antes. Isso é mais um indício que robustece as investigações”, explicou o delegado João Martins Teixeira na época do primeiro indiciamento.
Procurada pela reportagem, a defesa de Danilo Costa, por meio de seu advogado Ramon Santos Gomes, afirmou que não vai se pronunciar sobre o indiciamento uma vez que o processo está em segredo de justiça.
Réu
Em 17 de fevereiro, Danilo Costa foi indiciado por estupro, assédio sexual, violação sexual mediante fraude e importunação sexual contra 15 vítimas. O MPMG ofereceu denúncia contra ele em 21 de fevereiro, pelo estupro de seis vítimas, pela tentativa de estupro de outras duas mulheres e por importunar sexualmente outras duas.
Próximo a conclusão da primeira primeira investigação, um segundo inquérito foi instaurado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) porque outras cinco mulheres procuraram a corporação para denunciar o mastologista.
Promotora da 3ª Promotoria de Itabira, Marianna Michieletto afirma que as vítimas se sentiram encorajadas a denunciar o mastologista após a primeira acusação vir à tona, em 24 de janeiro. “O que todas essas vítimas que apareceram após o dia 24 tem em comum é que todas elas tiveram medo de ser desacreditadas e por isso não denunciaram antes, medo da palavra delas não bastar contra a palavra do médico, o receio de achar que eram as únicas vítimas, a vergonha, muitas eram casadas e não tinham contado para os cônjuges o que tinha acontecido”, afirmou Michieletto.
Investigação
Os possíveis crimes cometidos pelo mastologista começaram a ser investigados após a Polícia Militar ser acionada pela filha de uma paciente que teria sido estuprada pelo homem, dentro de seu consultório, em 24 de janeiro. A paciente fazia acompanhamento oncológico em Itabira, mas mora em João Monlevade, cidade a 36 quilômetros de distância. A promotora Marianna Michieletto conta que, na ocasião, a violação foi seguida de violência uma vez que a vítima relatou que o profissional teria tapado sua boca e a impedido de pedir ajuda.
Conforme o registro policial, depois do abuso, Danilo teria entregado à vítima uma receita médica e pedido que ela voltasse para uma nova consulta em 90 dias. Além disso, ainda segundo o boletim de ocorrência, o investigado teria pedido que a paciente fosse embora por um corredor lateral para não ser “percebida”.
Na época, a Polícia Militar chegou a procurar o médico em seu local de trabalho e em casa para a prisão em flagrante, mas ele não foi encontrado. A vítima então foi encaminhada para o hospital e seguiu todo o protocolo de encaminhamento de vítima de crime contra a dignidade sexual.
Com a denúncia, o Hospital Nossa Senhora das Dores, em Itabira, afastou o profissional de suas funções. Em 4 de fevereiro, Danilo Costa foi preso preventivamente. No dia 6 daquele mês, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) negou o pedido de revogação da prisão.
Uma das últimas vítimas a denunciar o homem contou que a violação aconteceu durante um exame de ultrassom. A mulher relatou à polícia que na ocasião estranhou o ato libidinoso e chegou a cogitar se o que estava acontecendo fazia parte do exame. “ei pelo constrangimento durante todo o exame. Fez um comentário muito desagradável sobre o meu corpo. Chegou a perguntar se eu tinha silicone”, contou.
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Já uma funcionária da unidade de saúde contou aos policiais que o médico, sempre que a encontrava nos corredores do hospital, a obrigava a abraçá-lo, o que lhe causava grande constrangimento. Para a promotora do caso, o mastologista se aproveitou que as vítimas estavam em momento de vulnerabilidade para cometer os crimes.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck