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Diamantina atira pedras no título mundial da Unesco

Asfaltamento de área histórica da cidade pode jogar por terra a chancela das Nações Unidas

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Em 18 de novembro, a coluna anunciava a celebração dos 25 anos do título de Patrimônio Mundial concedido a Diamantina. Festa para população, comércio, hotéis, turismo em geral. Pena que, agora, vem o Lado B, que de bom não tem nada. Com tristeza, soa o alerta do Icomos Brasil, braço técnico do Comitê do Patrimônio Mundial ligado à Unesco (agência das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Na mira, está o recente asfaltamento de ruas de pedras do Centro Histórico da cidade, pondo em risco o título de Patrimônio Mundial conquistado em 1999.


Trata-se de uma situação absurda, que deve ser revertida de imediato para não ameaçar o título, diz o presidente do Icomos Brasil (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), arquiteto Flávio Carsalade, também professor da Universidade Federal de Minas Gerais.

O Brasil é signatário da Convenção do Patrimônio Mundial, de 1972, que estabelece os compromissos de cada país na preservação dos bens reconhecidos pela Unesco. Assim, a missão institucional do Icomos, aqui, é monitorar os patrimônios mundiais e informar ao Comitê do Patrimônio Mundial sobre eventuais irregularidades e ameaças. A partir de denúncia, e comprovação por equipe técnica de “ações não conformes”, o bem reconhecido entra na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo, o que pode levar, em última instância, à perda do título.

Esclarecendo que “a pavimentação incide sobre a área delimitada pela Unesco como zona central de proteção, presidente do Icomos Brasil espera que a istração municipal tome as providências cabíveis – o que se traduz por imediata reversão da pavimentação asfáltica – antes de qualquer comunicação à Unesco. A primeira ação para esses casos é a emissão de um ‘alerta patrimonial’ (Heritage Alert, em inglês), conforme previsto em nosso protocolo internacional de procedimentos, adianta o arquiteto.

O asfalto chegou perto de monumentos importantes da cidade, como a casa de Chica da Silva. “O hino da nossa cidade diz que ‘Quando à noite, a linda lua, torna as pedras cor de prata, Diamantina sai à rua, transformada em serenata’. Será que teremos, agora, de mudar a letra?”, pergunta uma moradora horrorizada com a situação.

O assunto esquentou com nota divulgada pela Prefeitura de Diamantina, informando que no trecho da Rua Jogo da Bola “a intervenção foi devidamente precedida por análise e autorizado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)”. Vamos aguardar os próximos capítulos.

Risco de perda

O título de Patrimônio Mundial pode não ser para sempre – portanto, é preciso preservar os sítios históricos. No início do ano 2000, uma ameaça pairou sobre Ouro Preto, primeira cidade brasileira (1980) a receber a chancela da Unesco. Havia falta de políticas e ações de proteção associada a um cenário sinistro (degradação de monumentos, ocupações irregulares de morros, incêndio de dois casarões, trânsito caótico e destruição de um chafariz, entre outros fatores de alto risco).

Belo Horizonte, que se orgulha de dois títulos da Pampulha (Patrimônio Mundial e Paisagem Cultural), conquistados em 2016, andou na berlinda devido ao “puxadinho” do Iate Tênis Clube, demolição pedida pela Unesco por destoar do projeto original do Conjunto Moderno projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, na década de 1940. Segundo Carsalade, “o caso está bem encaminhado e evoluiu muito da istração do prefeito Fuad Noman”, falecido em março.

Nunca é demais lembrar que há cidades que já perderam a honraria, a exemplo de Dresden, na Alemanha. O título escapou após a construção de uma ponte sobre o Rio Elba, o que descaracterizou a paisagem histórica. 

Caminho de Saint-Hilaire...

Um dos mais belos trechos da Serra do Espinhaço, cordilheira que corta Minas Gerais, foi reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, ando a integrar a Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (RedeTrilhas). Trata-se do Caminho de Sainta-Hilaire, elo entre 10 comunidades de quatro municípios: Conceição do Mato Dentro, Alvorada de Minas, Serro e Diamantina. “Estamos satisfeitos com esse destaque do ministério, principalmente pela conservação da trilha, fortalecimento do turismo, além de preservação ambiental e do patrimônio cultural”, comemora o presidente do Instituto Auguste de Saint-Hilaire (gestor do caminho), Luciano Amador dos Santos Júnior.

Caminho de Sainta-Hilaire, trechos da Serra do Espinhaço, cordilheira que corta Minas Gerais
Caminho de Sainta-Hilaire, trechos da Serra do Espinhaço, cordilheira que corta Minas Gerais INSTITUTO AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE/DIVULGAÇÃO


...ganha reconhecimento federal

O nome da rota homenageia o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853). Ele viajou pelo interior do país de 1810 a 1822, da divisa de Minas e Bahia até a fronteira com o Uruguai, cruzando o Sul e o Sudeste, ressalta Luciano. A expectativa é de que novos trechos sejam incorporados ao caminho a partir de estudos de viabilidade de expansão. Entre eles, a Serra da Mantiqueira e as regiões de Campos das Vertentes, Furnas e Serra da Canastra. Do lado fluminense, o Vale do Café.

Até quando?

A coluna recebeu fotos e vídeos das procissões da Semana Santa, de várias cidades do interior, e o cenário muitas vezes causa indignação. Durante os cortejos, fiéis, coro, banda de música, padres e visitantes são obrigados a se espremer entre os carros enfileirados nas ruas. O desrespeito é completo. Custa estacionar longe do local das cerimônias? Cabe às autoridades fiscalizar a situação, pois, além de um momento de extrema espiritualidade, a Semana Santa atrai visitantes, movimenta o comércio, aquece a economia local, fortalece o turismo. Na verdade, este “puxão de orelhas” vale para o ano todo, pois o calendário religioso inclui celebrações do padroeiro, festa de Corpus Christi, que vem aí, entre muitos outros.

os da liberdade 

Exposição "os da Liberdade", no Museu dos Militares Mineiros, em BH

Exposição "os da Liberdade", no Museu dos Militares Mineiros, em BH

MUSEU DOS MILITARES MINEIROS/DIVULGAÇÃO

Fica aberta até sexta-feira (9), no Museu dos Militares Mineiros, em BH, a exposição “os da Liberdade”, da artista plástica Joanna Scharlé. Com uma seleção de obras em óleo sobre tela e trabalhos acadêmicos, a mostra homenageia Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência. Inaugurado há 10 anos, o Museu dos Militares Mineiros faz parte do Circuito Liberdade e contempla história, memória e cultura das corporações militares mineiras – Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. O endereço é Rua dos Aimorés, 698, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul.

Parede da memória 

vapor Benjamim Guimarães

vapor Benjamim Guimarães

ARQUIVO EM

Lembro-me bem de ouvir, quando criança, uma professora contando que havia viajado no vapor Benjamim Guimarães, nos anos 1960. Foi de Pirapora, em Minas, a Juazeiro, na Bahia, percorrendo 700 quilômetros no Rio São Francisco. E mostrou à turma de alunos uma carranca que comprara no embarque. Essa história me veio agora à mente, inteirinha, com "legenda e imagens vivas”, diante da volta da centenária embarcação à ativa. Tombado pelo Iepha-MG em 1985, o Benjamim Guimarães está parado há mais de uma década, ando por intervenção que já dura cinco anos. A reinauguração está prevista para 1°de junho, em Pirapora, mas os eios turísticos deverão começar só em novembro. Tem é trajetória, viu? O retorno do vapor é ótima notícia, pois, como disse o poeta, "navegar é preciso".

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Belo presente

Em visita a BH, o pintor e escritor carioca Oscar de Alencar Araripe presenteou a Catedral Cristo Rei com o quadro (acrílica sobre tela) “Flores para o Cristo Rei”. Ao receber a obra de arte, o arcebispo metropolitano dom Walmor Oliveira de Azevedo considerou o trabalho “uma maravilha”. No próximo dia 17, Araripe retorna à capital para lançar o livro “Imaculada – A Amazônia que nos deu à luz”. Será às 10h, na Livraria da Rua Antônio de Albuquerque, 913, na Savassi.

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