Família denuncia cremação de idoso por engano em BH
Cemitério informou que caso ocorreu no momento crítico da pandemia e que família está recebendo apoio institucional
compartilhe
Siga noUm homem de 51 anos acusa o Cemitério Bosque da Esperança, no Bairro Jaqueline, Região Norte de Belo Horizonte, de cremar o corpo do seu pai por engano. A confusão foi descoberta na última sexta-feira (30/5), quando a família compareceu ao local para a exumação e transferência dos restos mortais, conforme previsto em contrato com o cemitério.
Segundo o boletim de ocorrência, Josemar Bedetti Sathler foi até o cemitério para acompanhar a exumação do pai, José Orton Sathler, falecido em abril de 2021, aos 76 anos, em decorrência da COVID-19. O idoso havia sido sepultado em um jazigo provisório e deveria ser transferido após três anos para um local definitivo.
Leia Mais
No entanto, ao abrir o túmulo, a família se deparou com uma ossada que tinha uma platina no fêmur, algo que não condizia com as características do corpo do pai. Diante da suspeita, o caso foi comunicado à istração do cemitério.
Troca confirmada
Representantes do Cemitério Bosque da Esperança confirmaram que houve uma falha no processo de exumação. Na ocasião, dois corpos estavam sepultados no mesmo jazigo comunitário: o de José Orton e o de uma mulher.
O corpo de José, que deveria ter permanecido no local, foi entregue, por engano, à família da mulher — que, por sua vez, continuou sepultada no lugar destinado ao idoso.
De acordo com a istração do cemitério, a ossada de José foi cremada pela família da mulher, sem que o equívoco fosse percebido na época. A empresa afirma que, após a entrega dos restos mortais a família, não tem mais responsabilidade sobre o destino dado à ossada.
Segundo o cemitério, o caso remonta a abril de 2021, durante o período mais crítico da pandemia de COVID-19. Naquele dia, estavam agendados dois sepultamentos para o mesmo jazigo comunitário, em horários distintos: um às 9h30 e outro às 15h.
A instituição afirma que, por causa de atrasos logísticos provocados pelo contexto emergencial da época, o corpo que seria sepultado às 9h30 (José Orton Sathler) precisou ser devolvido à funerária, a pedido da família, para que fosse vestido com roupas adequadas, já que havia sido preparado em saco plástico, medida padrão no auge da pandemia. O corpo só retornou ao cemitério às 17h45.
Diante do atraso, houve uma inversão na ordem dos sepultamentos: o corpo originalmente agendado para as 15h foi sepultado primeiro. Quando o corpo de José retornou, foi colocado na posição superior do jazigo. Segundo a istração, durante todo o tempo, os corpos permaneceram devidamente identificados.
No entanto, segundo o boletim de ocorrência, quando a data estipulada chegou, os funcionários do cemitério chamaram a família, mas disseram que o corpo ainda não poderia ser retirado do túmulo, já que ainda não havia terminado de se decompor. Dois funcionários foram desligados após o episódio.
Sepultamento planejado
A intenção da família era transferir os restos mortais de José Orton para o jazigo onde sua esposa, ainda viva, deseja ser enterrada futuramente ao lado do marido. A cremação nunca foi considerada pelos familiares. Segundo informações do boletim de ocorrência, a decisão foi tomada por razões pessoais e religiosas.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
O Cemitério Bosque da Esperança informou, por meio de nota, que houve um erro durante um procedimento de exumação, quando a ossada de um cliente foi, equivocadamente, entregue à família de outro. Segundo a instituição, o equívoco “contraria todos os protocolos de controle e segurança que norteiam o trabalho da empresa” e resultou na demissão dos envolvidos. A empresa ressaltou que nenhum corpo foi cremado no local.
Ainda conforme o comunicado, os protocolos operacionais foram revisados, aprimorados e reforçados para todos os processos de exumação e entrega de restos mortais às famílias. O cemitério afirmou ter entrado em contato com a família afetada, por meio do filho do falecido, ainda no dia do ocorrido, e se colocou à disposição para adotar medidas que possam minimizar a dor causada pelo episódio.
A empresa declarou que, até o momento, não obteve retorno do filho nem de outros familiares, apesar de novas tentativas de contato realizadas em duas ocasiões no dia seguinte. Por fim, o Bosque da Esperança reiterou as desculpas pelo ocorrido, expressou profundo pesar e reforçou que permanece à disposição para prestar esclarecimentos.