Quem é Gilvan da Federal, que desejou a morte de Lula
Trajetória política do deputado federal é marcada por episódios de ataques verbais a adversários políticos. Em 2023, ele chamou Lula de 'ladrão' e 'corrupto'
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Siga noO deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES) voltou a chamar atenção nesta semana após declarar, em sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, que deseja a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Por mim, eu quero mais é que o Lula morra! Eu quero que ele vá para o quinto dos infernos!”, disse o parlamentar.
A declaração levou a Advocacia-Geral da União (AGU) a acionar a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR), que devem investigar o caso por possível incitação ao crime e ameaça. Não é a primeira vez que o deputado protagoniza episódios de ataques verbais a adversários políticos.
Em julho de 2023, durante um evento do Movimento Pró-Armas, em Brasília, Gilvan chamou Lula de “ladrão” e “corrupto”. À época, a PGR apresentou denúncia contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), por calúnia e difamação.
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“Vivemos em tempos difíceis. Na Presidência da República está um ex-presidiário, ladrão, corrupto, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Eu repito: é ladrão! É ladrão! E no Ministério da Justiça - pra quem não sabe, eu sou Policial Federal há 20 anos, completo 20 anos agora em agosto - e esse Ministro da Justiça (à época, Flávio Dino) não representa a Polícia Federal, não representa o povo brasileiro. Um Ministro da Justiça que vai numa comunidade dominada pelo Comando Vermelho, sem trocar tiro”, disse Gilvan à época.
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Natural do Maranhão, Gilvan Aguiar Costa, conhecido como "Gilvan da Federal", nasceu em 1976. Policial federal, é formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e em Direito pela Faculdade Vale do Cricaré. A trajetória política dele começou como vereador em Vitória (ES), entre 2020 e 2022. No pleito de 2022, foi eleito deputado federal pelo Espírito Santo com 87.994 votos, o segundo mais votado no estado.
Sua trajetória é marcada por embates e declarações de teor ofensivo. Em outubro de 2023, Caetano Veloso e Chico Buarque moveram uma ação judicial contra Gilvan, porque o deputado os acusou, sem provas, de usarem verbas públicas para “fumar maconha”. A declaração foi feita durante sessão na Câmara, quando o parlamentar criticava os rees da Política Nacional Aldir Blanc.
“Destinar 15 bilhões para a cultura? É brincadeira. Aí vão dizer, ‘é para aquele artista desconhecido’. Não é não. Boa parte é para o seu Caetano Veloso, é para o seu Chico Buarque fumar a maconha deles, morar em Miami, nas mansões que eles moram”, afirmou. Ele ainda classificou os investimentos em cultura como “palhaçada”.
Em 2022, ainda como vereador em Vitória, foi condenado por violência política de gênero contra a então colega de Câmara, Camila Valadão (PSOL). À época, chamou a parlamentar de “satanista” e “assassina de bebês”, além de gritar para que ela “calasse a boca” durante sessão. Pela condenação, foi sentenciado a um ano, quatro meses e 15 dias de reclusão em regime aberto, além do pagamento de R$ 10 mil por danos morais.
No mesmo ano, Gilvan criticou uma moção de aplauso concedida à ativista trans Deborah Sarará, com falas transfóbicas. “Deus fez o homem e a mulher. O resto é jacaré, é invenção do mundo”, disse. Questionou, ainda, se a homenageada “conseguia engravidar” ou “amamentar”. A fala motivou denúncia do Ministério Público por discurso de ódio.
Meses antes, em 2021, o então vereador já havia atacado religiões de matriz africana durante sessão com representantes do movimento negro de Vitória (ES). Após a reunião, levou à tribuna um frasco de detergente e uma esponja, insinuando que era preciso “limpar a macumba feita no plenário”. “Praticamente fizeram uma macumba aqui (...). É uma afronta a Deus. Vocês são satânicos” afirmou, também sendo denunciado pelo MP.
No mesmo período, atacou a imprensa e partidos de esquerda em discurso na tribuna: “Continuarei confrontando quem defende assassinato de bebês, legalização das drogas, ideologia de gênero, promiscuidade, pornografia para nossas crianças e a imprensa manipuladora, covarde e mentirosa (...). Não deixarei que a nossa nação seja entregue ao comunismo”.
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Propostas apresentadas
Entre os projetos de lei apresentados pelo deputado, está o 3070/2023, que proíbe a participação de crianças e adolescentes em eventos relacionados à Parada LGBTQIA+, bem como a divulgação de imagens desses menores nas redes sociais.
O parlamentar também propôs o PL 1903/2023, que concede porte de arma de fogo a professores da rede pública e privada. Já o PL 5850/2023 veta o retorno à magistratura de juízes que deixarem a carreira para exercer cargos políticos. Outro projeto apresentado foi o PL 137/2024, que institui o “Dia Nacional do Patriota” no calendário oficial do país.
Ao longo dos três anos de mandato, o parlamentar apresentou apenas 20 proposições na Câmara dos Deputados, sendo nove de autoria própria e 11 em coautoria. Desse total, apenas uma foi sancionada: o Projeto de Lei 1.562/2024, do qual é coautor ao lado de outros 63 deputados.
A norma estabelece medidas emergenciais para mitigar os impactos da crise provocada por desastres naturais nos setores de turismo e cultura do Rio Grande do Sul, e foi aprovada à época das fortes tempestades que atingiram o estado, provocando enchentes, destruição de patrimônios e prejuízos econômicos severos.