Aliados de Lula temem impacto da crise do INSS nas eleições de 2026
Entorno do presidente acredita que investigações da Polícia Federal podem desidratar uma MI no Congresso
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Siga noBRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) temem o impacto que o escândalo dos descontos ilegais em aposentadorias e pensões no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pode produzir sobre uma campanha do petista à reeleição.
Segundo relatos colhidos com integrantes do Executivo, parlamentares governistas e aliados do petista, há um receio de que essa crise invada o calendário eleitoral de 2026.
Apesar desse cenário, que item ser altamente desfavorável, dizem que ainda há mais de um ano pela frente para reverter a situação e apostam no avanço das investigações da Polícia Federal para desidratar uma MI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) no Congresso.
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Esses aliados também dizem que o governo trabalha para restituir os aposentados que foram alvo desses descontos ilegais e que, uma vez realizados esses pagamentos, o impacto do escândalo na imagem do Executivo será minimizado.
Com o ressarcimento e o avanço das investigações, inclusive sobre a responsabilidade da gestão de Jair Bolsonaro (PL), o governo tenta mostrar que foi o único que agiu para deter as fraudes.
Pretende ainda ganhar tempo para pôr em prática seu plano antes da eventual instalação da MI, na tentativa de argumentar que uma apuração paralela do Congresso seria desnecessária, além de causar turbulência em um ano eleitoral.
Estratégias do governo
Em outra frente, aliados do presidente tentam reforçar que o arcabouço legal que possibilitou as irregularidades foi constituído no governo Bolsonaro.
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Nessa batalha, um dos argumentos será o de que uma instrução normativa do INSS editada no fim da gestão ada, por exemplo, abriu brecha para irregularidades no consignado.
Apesar do discurso adotado pelo Palácio do Planalto de que as ilegalidades começaram em gestões anteriores, esses políticos reconhecem que há desgastes para o governo - segundo pesquisas internas, o escândalo neutralizou o esforço de recuperação da avaliação do presidente que vinha sendo feito pelo governo.
Oposição reage
Integrantes da oposição têm usado o caso para desgastar a imagem do governo federal. Viralizou nas redes sociais um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) no qual ele acusa Lula de omissão enquanto argumenta que Bolsonaro apresentou medida que protegia aposentados - embora o ex-presidente tenha sancionado, sem veto, fim do controle sobre o desconto dos benefícios.
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A oposição se mobilizou e conseguiu as s necessárias para protocolar o pedido de MI, que precisa ser instalada por ato do presidente Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Auxiliares de Lula já reconhecem dificuldades para impedir a instalação da comissão e trabalham para traçar estratégias para conter danos, com foco na ampliação da investigação para englobar também aliados de Bolsonaro.
Além disso, reservadamente, governistas dizem que as investigações sobre o escândalo podem afetar, além de nomes da gestão Bolsonaro e parlamentares aliados ao ex-presidente, representantes do centrão. Nesse sentido, afirmam que isso também pode ser um fator para que parlamentares atuem no esvaziamento dos trabalhos da comissão.
Por outro lado, um aliado de Lula diz que o governo não pode ficar de braços cruzados esperando qualquer avanço das investigações para reagir.
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Segundo ele, além de realizar o ressarcimento dos aposentados que foram lesados, o Executivo e parlamentares governistas precisam, desde já, reforçar a comunicação para enfrentar esse debate político nas redes sociais - atualmente, a avaliação é de que a narrativa da oposição tem ganhado mais espaço.