O rombo do INSS extrapola o bolso dos aposentados
Governo prefere esperar, enquanto oposição se arma com pedido de I do INSS
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Siga noOs petistas têm se fiado na longa demora da queda do ex-ministro Juscelino Filho, do Ministério das Comunicações, para defender a permanência de Carlos Lupi na Previdência. Acusado de irregularidades desde o inicio do governo, Juscelino só foi demitido quando a PGR o denunciou ao Supremo Tribunal Federal.
Ou seja: enquanto não se aponta envolvimento direto de Lupi na roubalheira do INSS, não há por que demitir o ministro, aliado de Lula do ado e, quem sabe, do futuro.
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A diferença é que, enquanto as denúncias contra Juscelino tinham pouco apelo público, o rombo dos R$ 6 bilhões diretamente do bolso de aposentados e pensionistas atinge a opinião pública de forma certeira. E o tema promete virar um grande palco para a oposição, caso seja instituída a I proposta pelos bolsonaristas, que tem o singelo nome de “I do Roubo dos Aposentados”.
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O governo se vê em uma encruzilhada, já que, caso demita Lupi, pode perder um aliado fiel e votos também fiéis no Congresso, além de embaraçar a coligação no ano que vem.
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O presidente Lula tem por hábito esperar, como fez com a ex da Saúde, Nísia Trindade, que foi desgastada aos poucos pelas críticas a sua gestão. Ao se despedir do governo, ela não deixou de registrar seu repúdio ao enxovalho que recebia inclusive de aliados.
Se seguir este estilo, talvez o governo deixe Lupi sangrar até que decida, por conta própria, deixar o governo. Quem conhece o ministro sabe que ele não se intimida com poucos ataques. É um político do enfrentamento.
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Há de se esperar o poder que a oposição terá para colocar uma I em andamento. Com 185 s, caso seja aprovado, o pedido de I não significa que os opositores terão muita vontade de esmiuçar as entranhas do INSS. Basta lembrar que esse rombo começou bem antes da vitória de Lula, no governo Bolsonaro.
O problema é que os maiores danos de comunicação que o governo Lula sofreu desde o início deste terceiro mandato são causados pela demora em ter respostas eficientes aos problemas e saber comunicá-las.
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Enquanto isso, figuras como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentam dar sinais à sociedade de que ninguém será lesado — a não ser os cofres públicos —, já que a promessa é que os aposentados sejam ressarcidos.