A tadalafila é um medicamento indicado para o tratamento da disfunção erétil e da hipertensão arterial pulmonar (HAP), uma doença progressiva que afeta a circulação nos pulmões. Apesar dessas indicações, o uso da substância tem se popularizado entre frequentadores de academias que buscam melhorar o desempenho físico.  

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos), a tadalafila foi o quinto medicamento genérico mais vendido em 2024, superando a concorrente sildenafila, que ocupa a oitava posição.  

A principal justificativa para o uso indevido é sua ação vasodilatadora. O medicamento inibe a enzima PDE-5, promovendo maior fluxo sanguíneo para os músculos. “Isso pode melhorar a entrega de oxigênio e nutrientes, reduzindo a fadiga muscular”, explica Waldyk Alisson, médico com pós-graduação em nutrologia esportiva e endocrinologia.  



Entre os possíveis efeitos do medicamento citados por praticantes de atividades físicas estão:

  

  1. Aumento do óxido nítrico, favorecendo o fluxo sanguíneo e a recuperação pós-treino  
  2. Melhora da resistência cardiovascular e redução da fadiga
  3. Auxílio na hipertensão transitória induzida pelo exercício  

A dose utilizada por quem consome tadalafila em academias costuma ser de 5 mg ao dia, como informa o médico, a dose é inferior à padrão de 20 mg utilizada no tratamento da disfunção erétil.  

Sem evidências científicas  

Não há comprovação científica de que a tadalafila melhore o desempenho esportivo. Um estudo publicado no “British Journal of Sports Medicine” avaliou os efeitos de uma dose única do medicamento em atletas saudáveis e não encontrou impacto significativo na performance. 

A pesquisa indicou, no entanto, um aumento nos níveis de lactato sanguíneo durante a recuperação e uma redução no tempo para atingir a potência máxima, sugerindo possíveis alterações no metabolismo energético. “Embora a tadalafila promova vasodilatação, não há evidências de que isso resulte em ganhos concretos no desempenho físico”, ressalta Alisson.  

O que pode acontecer? 

O uso sem indicação médica pode causar efeitos adversos, como quedas na pressão arterial, dores de cabeça e tonturas. A interação com outros vasodilatadores ou medicamentos pode intensificar esses efeitos e representar riscos à saúde.  

Os principais riscos incluem:  

  • Queda de pressão arterial, que pode causar tonturas, desmaios e aumentar o risco de lesões durante o treino.  
  • Dor de cabeça e congestão nasal, sintomas que podem comprometer a performance.  
  • Taquicardia reflexa, aumento da frequência cardíaca, o que pode ser perigoso em atividades de alta intensidade.  
  • Interação com outros vasodilatadores, potencializando efeitos hipotensivos de suplementos e medicamentos

“Qualquer estratégia para melhorar o desempenho físico deve ser baseada em práticas seguras e cientificamente validadas, sempre com orientação de profissionais de saúde”, alerta o especialista.

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