SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na última quarta-feira (16), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou a exigência de retenção de receita para compra de medicamentos análogos ao GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro. Com a nova medida, somente pacientes com receita médica dentro da data de validade podem adquirir as chamadas canetas emagrecedoras. O objetivo da decisão é combater o uso indiscriminado desse tipo de medicamento, além da utilização sem prescrição médica, segundo a agência.

Nos últimos anos, os medicamentos análogos de GLP-1, que imitam um hormônio intestinal que sinaliza ao cérebro a saciedade e ajuda a controlar a glicemia, se popularizaram como uma forma rápida e fácil de emagrecimento. Enquanto uns, como o Ozempic e Mounjaro, são aprovados pela Anvisa para o tratamento de diabetes, outros, como o Wegovy, tem autorização para obesidade.

A perda de peso e o controle da glicemia, porém, não foram as únicas consequências identificadas. A Anvisa afirma que 32% das notificações de efeitos adversos relacionados aos medicamentos como o Ozempic estão associadas a utilização não prevista em bula, ou seja, off label.

A agência alerta que o uso destes remédios fora das indicações comprovadas cientificamente pode colocar a saúde dos usuários em risco.

Estudos recentes mostram efeitos positivos e negativos relacionados ao uso dos fármacos, especialmente a semaglutida, desde benefícios cardiovasculares até risco de problemas de visão. Veja abaixo.

EFEITOS POSITIVOS

- Redução do consumo de álcool. Um estudo publicado em fevereiro na Jama Psychiatry aponta que pessoas que tomam remédios como Ozempic podem ter menos apetite para o álcool. Entre 48 adultos com problemas com álcool, os que estavam sob efeito da semagalutida consumiram 30% menos bebida alcoólica.

Apesar dos bons resultados, os pesquisadores afirmam que são necessários mais estudos para entender se a semaglutida poderia ser usada para tratar problemas com álcool.

- Prevenção de Alzheimer. Vários estudos já revelaram bons efeitos da semaglutida na prevenção e tratamento de Alzheimer em camundongos, assim como aumento da memória e capacidade de aprendizado.

Porém, estudos em humanos ainda estão sendo realizados. Outras drogas já foram eficazes para tratamento deste tipo de demência em roedores mas não obtiveram o mesmo resultado em humanos.

- Prevenção de cirrose. Um estudo da farmacêutica Novo Nordisk, responsável pelo Wegovy, afirma que o medicamento possui eficácia na diminuição de inflamação e fibrose no fígado, condições que podem levar à cirrose.

Nessa pesquisa, a caneta também promoveu maior controle de pressão arterial e do diabetes tipo 2, além de diminuir a obesidade.

- Alívio de dores de artrose no joelho. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine diz que a semaglutida tem efeito para alívio para dores de artrose no joelho, um sintoma comum em pessoas com obesidade. Até agora, porém, o único tratamento eficaz era a cirurgia.

No estudo com 407 pessoas, as dores no joelho naquelas que tomaram a semaglutida diminuíram cerca de 41,7 pontos (em uma escala para dor), o dobro das que receberam um placebo.

- Prevenção de AVC. A American Stroke Association (Associação americana de Acidente Vascular Cerebral, em português) incluiu remédios do tipo GLP-1 na lista de medicamentos indicados para prevenção de AVC. A associação afirmou que esses medicamentos demonstraram ser efetivos para diminuição de peso, que pode estar relacionado ao risco de doenças cardiovasculares e derrames.

“A grande maioria das mordidas causa inchaço e sangramento local. Acho que este caso destaca que qualquer animal venenoso deve ser respeitado”, declarou na ocasião a Nick Brandehoff. à rede CBS. MonsterDoc/Wikimédia Commons
Esse tipo de evento é raríssimo. A última morte humana registrada por mordida de monstro-de-gila era de 1930. MonsterDoc/Wikimédia Commons
Embora seja um animal de pequeno porte, de caminhar vagaroso e aparência inofensiva, o monstro-de-gila pode oferecer riscos aos seres humanos exatamente por seu veneno, embora acidentes não sejam muito comuns. Flickr Carl Monopoli
De hábitos exclusivamente noturnos, os monstros-de-gila têm a pele de fundo escuro com listras laranjas ou rosadas, que funcionam como camuflagem. O animal é dotado de uma estrutura externa chamada osteoderma, que funciona como uma espécie de armadura que o defende de predadores, como os falcões. Reprodução do Facebook VIDA Selvagem
Ele é um dos poucos lagartos venenosos, o único do tipo registrado em território norte-americano. Um indivíduo da espécie pode chegar a 56 centímetros de comprimento e pesar quase dois quilos. Flickr Christina N. Zdenek
“Podemos encontrar compostos ainda mais eficazes no veneno de algum outro animal, ou criar versões sintéticas que ataquem doenças por novos ângulos”, ressaltou o professor Kini. Freepik
Os estudos com o monstro-de-gila podem impulsionar novos trabalhos com toxinas liberadas por animais, na tentativa de descobrir substâncias que estimulem o desenvolvimento de novos fármacos. MonsterDoc/Wikimédia Commons
A partir dele, com algumas mudanças pequenas na cadeia de aminoácidos, foram elaboradas substâncias com efeitos maiores nessa redução de glicose. É o caso da semaglutida, o princípio ativo do Ozempic. Reprodução do Youtube Canal Dr. Francisco Zacarias
O medicamento Byetta (exenatida), usado no tratamento da diabetes tipo 2 ao fazer cair os níveis de glicose na circulação, foi o primeiro a ser desenvolvido após a descoberta da exendina-4 nos estudos do monstro-de-gila. Reprodução do Facebook Da Silva Sauro
Nos estudos, os cientistas isolaram em laboratório o hormônio, que batizaram de exendina-4, e perceberam que ele é muito parecido com o GLP-1 - hormônio que o intestino humano produz naturalmente para controlar os níveis de açúcar no sangue após as refeições. fernando zhiminaicela por Pixabay
De acordo com cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, o réptil consegue resistir com apenas seis refeições por ano. Reprodução do Instagram @projetoselvaviva
Além disso, os pesquisadores descobriram que o veneno do monstro-de-gila contém um hormônio que auxilia seu metabolismo a reduzir de tal forma a velocidade que ele pode sobreviver por longo tempo com baixo consumo calórico. MonsterDoc/Wikimédia Commons
O monstro-de-gila é um réptil de movimentos lentos. Por isso, seu veneno evoluiu para ser capaz de imobilizar pequenas presas. Domínio Públio/Wikimédia Commons
Trata-se do monstro-de-gila (Heloderma suspectum), um pequeno lagarto peçonhento encontrado no sudoeste dos Estados Unidos e no noroeste do México. Jeff Servoss/Wikimédia Commons
Um réptil nativos de desertos da América do Norte contribuiu decisivamente para uma descoberta médica que está entre as mais importantes de tempos recentes. Arpingstone/Wikimédia Commons

EFEITOS NEGATIVOS

- Risco durante a anestesia. A Anvisa alertou no ano ado que medicamentos análogos de GLP-1 podem aumentar o risco de desenvolvimento de pneumonia e aspiração em pacientes submetidos a anestesia. Segundo a agência, esses remédios atrasam o esvaziamento gástrico, aumentando os riscos de inalação de alimentos e líquidos.

- Problemas de visão. Alguns estudos já relacionaram as canetas de semaglutida a problemas de visão, como inflamação na retina e falha na circulação sanguínea no nervo óptico, podendo levar à cegueira.

Mais estudos, contudo, são necessários para estabelecer relação causal entre o uso desses medicamentos e os problemas observados.

- Perda de cabelo. Um estudo que comparou usuários de semaglutida com pacientes que usavam a combinação de naltrexona e bupropriona, também indicada para a perda de peso, mostrou que há risco maior de perda de cabelo em mulheres que tomam a semaglutida.

O trabalho, publicado em março de 2025, afirma que ainda são necessários mais estudos para certificar a associação entre o sintoma e o medicamento.

- Lesão renal e problemas no pâncreas. Um estudo publicado na revista Nature indicou relação entre lesões renais, pancreatite e problemas grastrointestinais ao uso de medicamentos análagos de GLP-1. A pesquisa analisou dados médicos de veteranos de guerra com diabetes do tipo 2.

Diante disso, a farmacêutica Eli Lilly afirmou já ter informado sobre esses riscos, enquanto a Novo Nordisk diz ter segurança dos medicamentos comprovada.

- Perda de massa magra. Canetas emagrecedoras usualmente fazem o paciente sentir menos vontade de comer, resultando em emagrecimento. Um efeito colateral comum é a perda de massa magra e o déficit nutricional, que pode ser grave em alguns casos.

Por isso, especialistas afirmam que, durante o uso deste tipo de medicamento, é necessário ter uma dieta nutritiva, rica em proteínas e uma rotina de exercícios para manter a massa magra e a nutrição necessária.

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