Bebês reborn e saúde mental: quando o cuidado vira escapismo?
Bonecos hiper-realistas têm sido usados como apoio emocional em situações de luto e ansiedade, mas especialistas alertam para os riscos do uso excessivo
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Siga noBonecos hiper-realistas, conhecidos como bebês reborn, têm ganhado espaço como ferramentas terapêuticas para pessoas que enfrentam luto, infertilidade ou transtornos de ansiedade. O cuidado com esses bonecos pode oferecer conforto emocional, mas especialistas alertam para os riscos quando o apego se torna excessivo.
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Como os bebês reborn auxiliam no conforto emocional?
O ritual de cuidar de um bebê reborn, alimentá-lo, vesti-lo e acariciá-lo, pode ajudar na exteriorização do luto, contribuindo para a reorganização emocional. Segundo o depoimento da especialista, Gisele Hedler, na matéria do Estado de Minas, “existem fragilidades emocionais associadas ao substituir o cuidado de ‘filhos reais’ por bonecos ultrarrealistas. Mulheres que agem dessa maneira almejam suprir necessidades emocionais profundas, como luto não resolvido, desejo de maternidade não realizado ou carências afetivas.”
Em casos de luto perinatal, por exemplo, o bebê reborn pode funcionar como um objeto transicional, auxiliando na elaboração da perda. Além disso, para pessoas que enfrentam solidão ou ansiedade, o cuidado com o boneco pode proporcionar uma sensação de rotina e pertencimento.
Quando o uso do bebê reborn pode se tornar um problema?
Embora o uso terapêutico dos bebês reborn seja válido em contextos específicos, é importante estar atento aos sinais de que o apego ao boneco está substituindo interações humanas reais. Segundo especialistas, comportamentos como isolamento social, negligência de responsabilidades diárias e reações emocionais intensas às críticas podem indicar que o uso do bebê reborn está ultraando os limites saudáveis.
Nesses casos, é importante procurar acompanhamento psicológico para garantir que o apego ao boneco não prejudique o bem-estar emocional e social do indivíduo.
Bebê reborn
O que dizem os especialistas?
Certos psicólogos ressaltam que os comportamentos associados aos bebês reborn não devem ser automaticamente patologizados. A psicologia busca compreender o contexto e o significado dessas ações na vida da pessoa. Quando esse vínculo com a boneca oferece alívio, conforto ou simboliza um processo de cura, ele pode ser visto como uma forma de enfrentamento adaptativo.
Entretanto, se o uso do bebê reborn impede o indivíduo de estabelecer vínculos reais, se isola excessivamente da realidade ou representa uma recusa de lidar com perdas reais de forma saudável, pode haver indicativos de sofrimento psíquico que merecem atenção.