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Estado de Minas EU SOU FAVELA

Simone: 'Por que temos camisinhas disponíveis, mas não temos absorventes?' 4m5x22

Líder comunitária na Vila Cemig multiplica ações que transformam a vida de centenas de mulheres na luta contra a desigualdade e a pobreza menstrual


17/01/2022 06:00 - atualizado 16/01/2022 23:21

Simone é a quinta entrevistada da série 'Eu Sou Favela'
Simone é a quinta entrevistada da série "Eu Sou Favela" (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

"Nenhuma mulher precisa rasgar uma manga de blusa para virar absorvente"" 2m3t70

Simone Maria da Penha Oliveira,líder comunitária na Vila Cemig 2o73o


Num país em que a intolerância e a violência crescem em números desproporcionais, ser mulher, negra e nascida na favela é travar uma luta diária pela sobrevivência. Simone Maria da Penha Oliveira, de 40 anos, aprendeu no dia a dia a lutar contra o preconceito e a ganhar forças para seguir em frente.

Cresceu, estudou e ganhou espaço. Mais do que isso – como ela mesmo diz com frequência – , essa belo-horizontina se transformou em “300 Simones” ao mesmo tempo, tamanha sua dedicação com sua comunidade, a Vila Cemig, no Barreiro, principalmente no atendimento às mulheres desamparadas.
Simone é a quinta entrevistada da série “Eu Sou Favela”, que traça o perfil de líderes comunitários de Belo Horizonte. Pessoas que, de alguma forma, se doam ao máximo para transformar a vida daqueles que mais precisam. 



O berço de nascimento de Simone foi a vila conhecida como Boca do Lixo, que fica dentro do aglomerado Morro das Pedras, Região Oeste da capital mineira. Em 1995, ela foi com a família para a Vila Cemig, comunidade de quase seis mil habitantes que ao longo do tempo recebeu diversas melhorias, como eletricidade, abastecimento de água e esgotamento sanitário.

A dádiva de Simone em trabalhar em prol da favela começou nesse período de muitas dificuldades. “Cresci vendo o meu pai nos ensinando que tínhamos de fazer o bem. Muitas vezes eu não entendia qual era esse bem. Mas, em 1998, quando fiquei grávida do primeiro filho, comecei a dividir o enxoval. Ganhava algumas coisas e ava uma parte para outra gestante. E ali foi seguindo”, conta. 

Foi um momento decisivo para seu futuro como líder comunitária dedicada, persistente e empenhada em atender mulheres, sobretudo as que sofriam abuso dentro de casa. “Infelizmente, o mundo só nos julga. Infelizmente, nós mulheres da periferia fomos criadas para ser espancadas. É como se fosse normal ser negra e espancada. Mas há outras violências que não são a física. Muitas vezes, a mulher sofre violência doméstica e não tem com quem desabafar, não tem com quem dividir essa história”, lamenta Simone.
 

Pioneiras na luta pela dignidade menstrual 3q4l1w

Ao longo dos anos, ela participou de vários projetos de proteção a mulheres de maior vulnerabilidade. As necessidades não eram apenas alimentos e roupas, mas de itens básicos de higiene, como absorventes. As iniciativas tocadas por Simone vieram muito antes de o tema ganhar notoriedade nacional em 2021, principalmente após o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) vetar projeto de lei que previa a distribuição gratuita de absorventes a estudantes de baixa renda.

“Estar menstruada é uma coisa só minha. Se eu quiser falar, gritar isso, eu grito. Mas não me obriguem a gritar que estou menstruada. Por que temos camisinhas disponíveis, mas não temos absorventes? Por que há a facilidade de atender aos homens e não existe isso para as mulheres"


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