
Cerca de 42 famílias vivem no quilombo Manzo Nzungo Kaiango, localizado no Bairro Santa Efigênia, a pouco menos de 3 km do local onde será instalado o complexo minerário da Tamisa. "Além de violar nossos direitos enquanto território quilombola, a mineração nesta região viola nossa prática de manifestação da nossa fé", declara a líder comunitária do local, Makota Cássia Kidoialê, de 52 anos.
O quilombo Manzo foi tombado, há quase quatro anos, como patrimônio imaterial de Minas Gerais, e desde 2013 é patrimônio de Belo Horizonte. Para Makota, a serra é um território de matriz africana.
"A Mata da Baleia, onde vai ocorrer a exploração, é usada em diversos rituais das religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Além de ser um ponto de coleta de ervas, que só tem naquela região", conta Makota.
Sem a mata, diz ela, o quilombo deixa de existir. "Minas Gerais foi construída pelo trabalho do povo preto, arrancado de suas comunidades, e agora a história se repete. Esses impactos vão diretamente contra a nossa existência", declara a líder comunitária.
Ela questiona, ainda, o fato de a comunidade, fundada em 1970, não ter sido consultada no processo de licenciamento da mineradora. "Estão ando por cima de nós como se não existíssemos. Não se pode ar por cima de uma memória ancestral dessa forma. Essa é a nossa história, é o que ainda nos resta de memória", ressalta.