
Na corrida por federações, MDB e PSDB disputam Republicanos
As novas uniões partidárias não seguem o mesmo cinismo por uma simples razão: no campo da política, não há ilusões
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O MDB conversa com o Republicanos, que também flerta com o PSDB, que vai incorporar o Podemos e dialogar com o Solidariedade, que mantém negociações com o PDT e o PSB, que, por seu turno, também tem encontro marcado com o Cidadania. Na ciranda junina ao gosto de Carlos Drummond de Andrade, de papel ado, apenas o PP e o União, que até aqui não tinham entrado nesta história. Mas foi de fato no primeiro pontapé da Federação Progressista (PP-União), nesse jogo que enxuga e reorganiza o sistema partidário, que foi dada a largada à temporada de acasalamentos.
Exceção é o Avante. A legenda não está na corrida para arranjar um ou mais pares. Como os crocodilos à época da migração dos gnus, o Avante aguarda a agem da manada à beira do rio. A primeira aposta da legenda: em diferentes estados, com distintas realidades políticas locais, a federação PP-União deixará muitos parlamentares insatisfeitos. E são esses que o Avante aguarda e com os quais conta para superar as cláusulas de barreira em 2026. Se o projeto da legenda tiver sucesso, sobreviverá sem alterações bruscas em seu comando nacional.
Tucanos e Podemos ainda acertam os últimos detalhes de uma já anunciada poligamia, enquanto a federação firmada em 2022 entre PSDB e Cidadania, que só se encerrará em 5 de abril de 2026, vive a separação de corpos. Por isso, a figura jurídica da incorporação do Podemos ao PSDB – e não fusão – foi o caminho encontrado para que tucanos sigam mirando novos parceiros. No próximo 5 de junho, as duas legendas farão convenções e anunciarão a união na sequência. Antes disso, o PSDB segue as conversas com o Solidariedade, sem se importar que a sigla também esteja engajada em acertos com o PDT e com o PSB. De todas as cartadas lançadas nessa corrida pela sedução entre partidos, talvez a mais ousada promovida por tucanos seja a que programam na sequência: o Republicanos.
Tucanos irão se sentar nesta semana à mesa com o Republicanos, apostando que terão mais a oferecer do que o MDB. O Republicanos deseja uma união com legenda do centro político, que possa amenizar a imagem de que seja um partido fundado na religião. Ao MDB, o Republicanos sinalizou interesse no noivado. Mas tucanos garantem que haviam iniciado a conversa antes. A esta altura, a ordem dos fatores pouco importa. Junte-se ao MDB ou ao PSDB-Podemos-Solidariedade, o Republicanos estará no G4 partidário da empoderada Câmara dos Deputados, que se prepara para seguir dando as cartas sobre o Executivo.
Se, por um lado, os tucanos ainda federados se antecipam na caça às novas parcerias, por outro, levam o troco do Cidadania: a legenda é procurada pelo PSB para uma parceria. Já o PDT sonda o PRD e também o Solidariedade, dentro do campo político-ideológico que também abriga o PSB, o PV e o Cidadania. De tantas conversas, serão muitos “matchs”. Se vão durar, já é outra história.
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Pai da literatura fantástica, J.R.R. Tolkien – autor de uma vasta obra, em meio à qual “O Hobbit” (Bilbo em suas aventuras na Terra Média) – abordou, em carta ao filho Michael escrita em 1941, o que considerava ser a permanente batalha entre a idealização romântica e a realidade nua e crua de matrimônios cristãos: “(...) A fidelidade no casamento cristão acarreta nisto: grande mortificação”. As novas uniões partidárias não seguem o mesmo cinismo por uma simples razão: no campo da política, não há ilusões. Todos sabem que possivelmente não durarão pelos quatro anos prescritos nas federações. Mas se conseguirem sobreviver a 2026, já estarão no lucro.
Pouco interesse
Deputados da base de Romeu Zema (Novo) se decepcionaram nesta segunda-feira quando indagaram à equipe do governo do estado se não seriam liberados benefícios adicionais às suas bases para votarem as matérias do Propag. “Não”, foi a resposta lacônica. Tradução: não há interesse a esse ponto.
Velocidade da luz
Na forma de substitutivo, o Projeto de Lei 3.731/25, que autoriza a celebração de novo contrato de refinanciamento da dívida de Minas Gerais com a União e o encerramento do atual Regime de Recuperação Fiscal (RRF) será apreciado nesta terça-feira na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária. E, já na quarta-feira, será votado em primeiro turno em plenário.
Qual comitiva?
O deputado estadual Professor Cleiton (PV) requereu à Comissão de istração Pública que encaminhe ao Executivo pedido de informações sobre a viagem de Romeu Zema (Novo) a El Salvador, com comitiva de sete pessoas. “Quem está custeando, quais são os gastos individualizados por segmento – agens, hotéis, translado, alimentação, outros – informando ainda onde ficarão hospedados”, registrou o requerimento.
Paridade
A magistrada Luziene Medeiros do Nascimento Barbosa Lima é a mais nova desembargadora empossada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ela foi promovida pelo critério de merecimento, segundo o edital que disciplina a ação afirmativa de gênero para o das magistradas aos tribunais de 2º grau. A paridade entre homens e mulheres nos tribunais é o objetivo da Resolução 525, de 2023, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Luziene irá integrar a 21ª Câmara Cível do TJMG.
Lista tríplice
Os advogados Hermes Guerreiro, Fábio Silveira e Luís Eduardo Pifano integram a lista tríplice elaborada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais a ser encaminhada ao governador Romeu Zema. É do chefe do Executivo a prerrogativa de nomear um deles para assumir, no quinto constitucional destinado à advocacia, a cadeira do desembargador aposentado Moacyr Lobato.
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Arte e Direito
“A Justiça no Espelho das Artes: Cultura, Arte e Direito” é o nome do curso que será ministrado aos magistrados, servidores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, juristas e advogados pela parceria entre a Escola Judicial Desembargador Edésio Fernandes (Ejef) e a Escola Superior da Magistratura Desembargadora Jane Silva (Emajs), da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis). Estudioso do tema e organizador do curso, o desembargador Fernando Armando Ribeiro, do Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais (TJMMG), considera que grande parte do acervo cultural da humanidade se volta ao direito e este, por seu turno, é objeto de construções literárias, desde clássicos da literatura mundial até os contemporâneos. “Por meio da arte, especialmente da literatura, o direito se deixa ressignificar, colocando suas prescrições normativas à prova não apenas da razão, mas também do sentimento”, afirma o desembargador.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.