
Setor elétrico em ebulição no início do período de estiagem
Reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de geração de energia hídrica, devem chegar ao fim do mês com 69,5% da capacidade
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O Brasil entrou no período de estiagem, com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informando que a afluência de água nas hidrelétricas de todos os subsistemas está abaixo da média, com a situação mais preocupante no Sul, com 31% no fim deste mês. No Sudeste/Centro-Oeste é de 84%, no Norte, 68% e no Nordeste, 45%. Com relação ao armazenamento de água, os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade de geração de energia hídrica do país, devem chegar ao fim do mês com 69,5% da capacidade, enquanto os do Sul devem ficar em 32,6%. E nesse quadro, que, dependendo da estiagem, pode levar ao acionamento das bandeiras tarifárias, que o governo propõe a reformulação do setor elétrico e o Congresso pode derrubar os vetos ao projeto das eólicas offshore. E as medidas vão elevar a tensão no setor.
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No caso da derrubada dos vetos aos chamados “jabutis” do projeto das eólicas offshore, o impacto pode ser um aumento entre 9% e 11% na conta de luz dos brasileiros nos próximos anos e até a interrupção de investimentos em fontes renováveis de energia. Um estudo feito pela Volt Robotics mostra que a derrubada dos vetos pode levar a uma redução ou desligamento de fontes solares e eólicas que pode ultraar a marca de 3.000 megawatts médios (MWm) em 2030, o dobro do esperado para o período e podendo representar até 20% da geração solar e eólica do país. Segundo o estudo, o prejuízo para os empreendedores pode chegar a R$ 3,6 bilhões ao ano.
A expectativa do setor é de que ao final desta década essas reduções ou cortes de fontes renováveis de energia se estabilize e comece a cair já em 2026, atingindo cerca de 1.900 MWm em 2030 e 1.500 Mwm. Nesse patamar, os cortes devem gerar um “desperdício” de capacidade de geração próximo de 16%. O risco para os próximos projetos é o fato de a derrubada do veto representar a instalação compulsória de termelétricas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) com capacidade para gerar 8 mil MW, o que representará 5.000 Mwm de energia injetada de forma obrigatória no sistema elétrico interligado.
A entrada dessa energia no sistema de forma obrigatória elevará o percentual de redução ou corte nas fontes solar e eólica, acarretando prejuízo para os investidores. “Para alguns conjuntos geradores a situação é muito mais grave, chegando a cortes de até 57% de geração, como em algumas regiões do Nordeste”, diz texto do estudo da Volt Robotics. “Para se ter uma ideia do tamanho do problema, se os “jabutis” entrarem em vigor, no final da década, quando se espera que o corte possa estar sob controle, o país poderá enfrentar cortes de um volume de energia renovável equivalente ao abastecimento por um ano do Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe”, acrescenta o texto.
O estudo mostra ainda que neste ano, as reduções e cortes na geração eólica e solar somaram 3.000 MWm no primeiro trimestre, equivalendo da capacidade de geração. “Isso significa que se todos os 1.500 complexos solares e eólicos do Brasil, em um momento, pudessem gerar 1.000 MWm, eles teriam que gerar 840 MWm”, afirma o estudo da Volt. Em termos econômicos, segundo o estudo, os cortes já impactaram as usinas solares e eólicas em R$ 971 milhões em redução de receita e acréscimo de custo.
Já a medida provisória da reforma do setor elétrico, apresentada pelo presidente Lula na quarta-feira vai impactar todos os agentes, incluindo os consumidores do mercado livre, hoje isentos das bandeiras tarifárias e de boa parte dos encargos setoriais que pesam nas contas de luz das famílias. A medida promove a inclusão de 60 milhões de brasileiros na tarifa social de energia e prevê a abertura do mercado livre para todos os consumidores a partir do próximo ano. Com o impacto da medida, com custo de R$ 3,6 bilhões, na visão da indústria, será um reajuste de até 20% para as indústrias, dependendo da região. Para os consumidores o efeito pode ser o contrário, com redução de custo em função da maior concorrência entre as empresas.
“O Brasil foi pioneiro, em 1995, em estabelecer diretrizes para a abertura do mercado elétrico e para dar ao consumidor o direito de negociar livremente a compra da energia elétrica. Mas o fato é que, ados 30 anos, em 34 países todos os consumidores já têm esse direito, mas no Brasil mais de 99% dos consumidores permanecem s ao mercado cativo e obrigados a comprar energia das distribuidoras. Chegou a hora de igualar e universalizar esse direito”, diz Rodrigo Ferreira, presidente-executivo da Associação Brasileira de Consumidores de Energia Elétrica (Abraceel).
Cartões
R$ 4 trilhões
É a marca de movimentação com transações no mercado de cartões no Brasil que foi superada no ano ado. Para este ano a previsão é de crescimento de 10%
Indústria
A produção brasileira de cloro chegou a 1,095 milhão de toneladas em 2024, com crescimento de 4,05% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor). Por outro lado, a importação de produtos clorados, como EDC e PVC cresceu 27,2%, ando de 367 mil toneladas em 2023 para 467 mil toneladas em 2024. A produção de soda cáustica chegou a 1,208 milhão de toneladas.
Importação
Entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024 chegaram ao Brasil 1.376 toneladas, enquanto que nos últimos meses foram mais 1.493 toneladas, segundo estudo da Vixtra, fintec de soluções para importadores, como base em dados da Secretaria de Comércio Exterior. No começo deste anoas importações de materiais plásticos somou US$ 2,8 bilhões, o que representa um aumento de 8% em relação ao valor registrado já um ano.
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