Filme 'Acredite, um espírito baixou em mim' é rodado em Catas Altas
Previsto para 2026, longa traz diferenças em relação à comédia que faz sucesso no teatro há 27 anos. Direção é de Cesinha, de 'Minha mãe é uma peça 2'
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Siga noÍlvio Amaral é religioso, devoto de São Judas e Nossa Senhora Aparecida. Reza o Terço da Misericórdia, presente de uma fã. Nos últimos dias, o ator de “Acredite, um espírito baixou em mim” recorreu ao costume de infância herdado da mãe, Luiza Nogueira Amaral: pedir a outros santos proteção contra chuvas e trovoadas.
Foi a São Jerônimo e Santa Bárbara que Ílvio recorreu na última quinta-feira (1º/5), enquanto percorria a pé os 300 metros entre a pousada e o Centro Histórico de Catas Altas. A chuva fina que começava a cair poderia comprometer as filmagens noturnas de cenas decisivas do longa “Acredite, um espírito baixou em mim”.
Nas últimas três semanas, chuva e frio acompanharam as filmagens em Catas Altas, cidade aos pés da Serra do Caraça, a 130 quilômetros de Belo Horizonte. Uma das diárias precisou ser cancelada por causa do pé-d'água, que só parou quando todos estavam dispensados.
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Porém, o pedido de Ílvio foi atendido, em parte, na noite em que o Estado de Minas acompanhou a filmagem no adro da matriz Nossa Senhora da Conceição. A chuva voltou ao longo da madrugada, mas não a ponto de suspender os trabalhos. “Fomos abençoados. Apesar da chuva, as coisas estão caminhando muito bem”, afirma o ator.
A partir desta semana, Ílvio e parte do elenco chegam a BH para finalizar as filmagens no Cine Theatro Brasil, no cemitério do Bonfim e em um salão de beleza.
A comédia “Acredite, um espírito baixou em mim”, de Ronaldo Ciambroni e direção de Sandra Pêra, estreou nos palcos em 1998. Nunca saiu de cena, é uma das peças mais longevas da dramaturgia brasileira.
Os fãs podem se preparar para novidades. A começar pela história, que ganha, sem trocadilho, outra dimensão. No filme, a ação vai além do apartamento onde o espírito de Lolô (Ílvio Amaral) “baixa” em Vicente (Maurício Canguçu). A aventura agora é maior, pois ganha as ruazinhas da simpática e fictícia Unha Comprida.
“A gente fez uma adaptação, mas a linha é a mesma. Só que é uma história mais romântica, mais familiar, eu diria”, adianta o diretor do longa, César Rodrigues, o Cesinha.
O filme, garante Cesinha, repete a comunicação popular da peça, “a mesma potência, mas com elementos mágicos e lúdicos”. Os personagens ganharam universo mais amplo. “O Lolô do filme é um cabeleireiro maravilhoso, expoente de Belo Horizonte, uma estrela. Todas as mulheres de BH querem cortar cabelo com ele, pois Lolô dá show muito mais pela pessoa que é. Um cara envolvente, divertido, espirituoso”, adianta.
Lucas (João Baldasserini), por quem o cabeleireiro Lolô se apaixona na peça, chega ao cinema de outra forma.
“A gente criou uma relação de casal, mesmo. O casal com o homem mais maduro e o ator mais jovem, ambos bem-sucedidos. É, de fato, um encontro de almas. É história de amor, comédia romântica. Não é uma história de sexualidade”, define o diretor.
No filme, o espírito do Lolô encarna no prefeito Vicente (Maurício Cangucu), cheio de preconceitos, que usa peruca.
“Aí você ganha comédia física absolutamente divertida, que dá para os dois atores (Maurício Canguçu e Ílvio Amaral) um manancial de capacitação do que eles são, do talento deles. Vai ser difícil não rir, sabe? Porque você tem um cara todo durinho, todo careta, que não aguenta se ver. Quando o cabeleireiro Lolô se vê naquele corpo, já muda a peruca, que ganha um topete. Ele sai andando pela cidade e ninguém entende nada. É engraçado para caramba.”
Mineiro de Muriaé, na Zona da Mata, Cesinha dirigiu, entre outros sucessos, o longa “Minha mãe é uma peça 2”, estrelado por Paulo Gustavo. Para ele, todos da equipe ficarão orgulhosos de fazer esta comédia regional com comunicação nacional.
O filme começa na atualidade em uma cidade cosmopolita como Belo Horizonte, adianta Cesinha. “Nós vamos mostrar uma Belo Horizonte linda, como ela é: grande, potente financeiramente, com esquinas maravilhosas. Quero apresentar imageticamente a Belo Horizonte pujante, lindamente retratada. O prólogo do filme é esta 'cidadezaça'”, diz. Minas será lembrada também por outras regiões, como a Serra do Cipó.
Em 2026
A estreia está prevista para 2026. A ideia original do longa é de Ronaldo Ciambroni, autor da peça, com roteiro de Chico Amorim e colaboração de César Rodrigues. Marcelo Saback supervisionou o texto.
O elenco traz Thati Lopes como Normanda, personagem presente na peça, e Otávio Müller como Anacleto, vice-prefeito criado para o cinema.
Entre os atores mineiros, Carlos Nunes faz o padre; Kayete, a delegada; Marino Canguçu, o guarda Gigante; Jota Bueno, Tonico do Trator; Eunice Braulio, dona Zefinha; Wolney Oliveira, Maneco Açougueiro; Fred Mozart, Vavá do Buraco; Paulo Rezende, Zé Dendágua; Carol Cândido, Alma Dendágua; Tainá Chagas, Nena Borralheira; e Lucas Barbosa, Leleco Motoqueiro.