"As quatro estações do ano" é comédia agridoce sobre crise conjugal
Disponível na Netflix, produção mira o público 50+ com história sobre casal de meia idade a ponto de se separar, que a férias com casais amigos
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Siga noAtor e escritor, Alan Alda, do alto de seus 89 anos, faz uma ponta na minissérie “As quatro estações do ano”, da Netflix. A comédia dramática é remake de um sucesso do próprio Alda (um filme de 1981 que ganhou, pouco depois, versão em série), agora capitaneada por Tina Fey. Ela é uma das criadoras da produção, que coprotagoniza com Steve Carell e Colman Domingo.
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A série vem sendo apresentada para o público 50+. A presença dela no Top 10 da plataforma ao longo desta semana (só perdendo, no Brasil, para a argentina “O eternauta”), mostra a relevância dessa fatia da audiência. “As quatro estações do ano” acompanha três casais de amigos, todos de meia idade, em viagens de férias na primavera, verão, outono e inverno.
Para os fãs de Woody Allen, que dirigiu Alda em alguns filmes, a história é um prato cheio. Kate (Tina Fey) e Jack (Will Forte) estão juntos desde a faculdade. Ela é dominadora, faz e acontece; ele é hipocondríaco, complicado.
Danny (Colman Domingo) é o melhor amigo de Kate, um arquiteto bem-sucedido que tem um casamento aberto com o italiano Claude (Marco Calvani, casado na vida real com o ator brasileiro Marco Pigossi). Mas isso não impede que ele minta para o marido, que é intenso e exagerado.
Por fim, há o casal Nick (Steve Carell) e Anne (Kerri Kenney-Silver). São eles que dão o pontapé na trama. Na primavera (cada estação cobre dois episódios), os dois primeiros casais vão até uma casa de campo ar uns dias com Nick e Anne.
Muito vinho, um eio de barco, e a grande revelação. Nick não está feliz com o casamento, quer o divórcio. Só que Anne, que não sabe de nada, está programando uma festa surpresa para celebrar as bodas de prata.
Isto é só o primeiro episódio, que termina de forma inesperada. A história segue mostrando a reunião de amigos em outros destinos de férias. A dinâmica, com a separação de Nick e Anne, muda bastante.
Já no verão, o grupo continua com três casais, mas com mudanças entre os integrantes. Vão parar num resort ecologicamente correto por sugestão da namorada millenial de Nick (papel de Erika Henningsen).
Os encontros continuam numa cidade universitária (outono) e numa estação de esqui (inverno). Não há nenhuma inovação na trama, mas a série ganha força diante da dinâmica entre os personagens.
Fica óbvio, desde o início, que a crise de um casamento vai afetar os demais. Mentiras contadas há anos, implicâncias que aparecem em qualquer relacionamento e o desgaste natural fazem as feridas virem à tona.
As diferenças geracionais também ensejam muito pano para manga. Carell, que repete atuações de filmes como “Uma noite fora de série” (em que dividiu a cena com Tina Fey) e “Amor à toda prova”, brilha como Nick, um tiozão redescobrindo o mundo com a nova companheira.
A parte mais engraçada, no entanto, cabe ao casal gay, em especial com os exageros do italiano Claude, que transforma qualquer drama em uma tragédia de Puccini. A interação entre Marco Calvani e Colman Domingo é impagável, principalmente porque as diferenças entre os dois personagens são enfatizadas pelas atuações – a de Domingo mais racional e a de Calvani pura emoção.
Com um final agridoce, “As quatro estações do ano” não tem pretensão de ser mais o que é. Mas, com um elenco desses, e falando diretamente para um público que nem sempre se vê refletido em produções no streaming, a série acerta muito mais do que erra.
“AS QUATRO ESTAÇÕES DO ANO”
• A minissérie, com oito episódios, está disponível na Netflix