GASTRONOMIA

Circuito Gastronômico de Favelas ocupa o Mercado da Lagoinha

Nova edição do evento, neste sábado (24/5) e domingo, promove bate-papos com chefs, em paralelo à feira de comidas, com 10 opções de pratos e sobremesas

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A proposta é aproximar o morro do asfalto. E o elo dessa união? A gastronomia. Afinal, como diz o ditado: “O caminho para o coração de uma pessoa é pelo estômago”.


Estamos falando da oitava edição do Circuito Gastronômico de Favelas, que será realizada neste sábado (24/5) e domingo, no Mercado da Lagoinha. Durante os dois dias de evento, 10 cozinheiros das periferias de Belo Horizonte vão apresentar – e, claro, vender – suas especialidades: feijoada, canjiquinha, língua recheada com chips de batata-doce, peixe frito, tortas artesanais, entre outras receitas.

A programação de sábado inclui ainda debates com a chef Márcia Nunes, do restaurante Dona Lucinha – que vai preparar ao vivo sua receita “Canjiquinha salpicada de vida” – e com o chef Américo Piacenza, do projeto Sopa de Pedra, que apresentará um Carbonara Mineiro, a ser distribuído para moradores em situação de rua da região. A programação do dia tem também roda de samba comandada por Fabinho do Terreiro e discotecagem do DJ Joca.


No domingo, a cozinheira autodidata Beth Coutinho, especialista em culinária mineira, participa de bate-papo sobre a simplicidade na cozinha. Em seguida, a quilombola Kriola Taty ministra a palestra “Saberes de raiz: Herança das as quilombolas”, na qual ensinará o preparo do kubu, uma broa assada na folha de bananeira.


Orquestra Cabaré

Encerrando a programação, a Orquestra Cabaré sobe ao palco para apresentar repertório autoral. O grupo é formado por Thiago Delegado (voz e violão), Manu Dias (voz), Fernando Bento (voz e cavaquinho), Raquel Coutinho (voz e pandeiro), André Miglio (voz), Robson Batata (percussão), Carioca (bateria), Aloízio Horta (baixo), Marcos Frederico (bandolim) e João Machala (trombone).


“A ancestralidade é uma das marcas que queremos destacar com mais força nesta edição. A cozinha das periferias está profundamente ligada a esse saber ado de geração em geração”, afirma Danusa Carvalho, idealizadora do evento. “As cozinheiras – em maior número do que os homens – aprenderam com suas mães, que aprenderam com as mães delas, e assim por diante”, ressalta.


Criado em 2017, o Circuito Gastronômico de Favelas vai além da exibição e venda de receitas criadas por moradores da periferia. O evento atua como ferramenta de fortalecimento do empreendedorismo local e vitrine para negócios emergentes.


“Uma jovem vendia hambúrguer artesanal e fez o maior sucesso. Depois, decidiu mudar de área, foi para a estética e hoje é dona de uma clínica. O olhar empreendedor dela se abriu ali, no circuito”, diz Danusa.


Marmitas

Há também histórias de quem decidiu permanecer na área da culinária. É o caso do Izaías (é assim mesmo, só Izaías, como é conhecido no Vila Marçola), do Restaurante do Izaías. Ele firmou parcerias com produtoras culturais para fornecer marmitas em grandes volumes a equipes de montagem de eventos e shows.


Já Maria Dirce – ou Dona Dirce, do Alto Vera Cruz – encontrou no circuito um caminho para superar a depressão. Começou oferecendo sua “Feijoada senzala” e, além de recuperar a saúde emocional, conheceu um companheiro, com quem se casou aos 75 anos.


Segundo a idealizadora do evento, há casos de cozinheiros que chegaram a faturar até R$ 8 mil em um único dia participando de festivais e eventos.


Desde a primeira edição, aproximadamente 45 cozinheiros já aram pelo projeto. Hoje, um núcleo de 10 deles segue ativo e estará presente neste fim de semana. Alguns acabaram ficando pelo caminho por motivos dolorosos. “Um morreu durante a pandemia, outro foi preso e um terceiro se perdeu”, conta Danusa, referindo-se a uma provável vida criminosa abraçada pelo ex-integrante do projeto.


Ela acrescenta: “É algo muito forte, porque a desigualdade social crescente traz consigo muita violência, especialmente nas comunidades. Então, quanto mais gente conseguirmos atrair para o projeto, mais estaremos contribuindo para mudar essa realidade”.


Recentemente, os cozinheiros do circuito formaram a ABC Favela – Associação Brasileira de Cozinheiros de Favelas. A meta agora é conquistar uma sede própria que possa abrigar novos empreendedores e capacitá-los para iniciar seu próprio negócio.


CARDÁPIO

Veja quais são os pratos oferecidos nesta edição

• Língua recheada com chips de batata doce
Cozinheira: Lia, da comunidade Barragem Santa Lúcia


• Feijoada senzala
Cozinheira: Dona Dirce, do Alto Vera Cruz


• Embolado berrante
Cozinheira: Marlene, do Taquaril


• Peixe frito
Cozinheiro: Izaías, do Vila Marçola


• Panceta crocante
Cozinheira: Lora, do Barreiro


• Pastel Trem de Minas
Cozinheiro: Diones, do Cidade Industrial


• Agromerado (sic)
Cozinheira: Wanusa, do Morro do Papagaio


• Doce Delírio de Limão
Cozinheira: Alexandra, da Vila Nossa Senhora Aparecida


• Delícia da Lua
Cozinheira: Luana, da Vila Estrela


• Paella mineira
Cozinheiro: Bimbal, da Pedreira Prado Lopes

CIRCUITO GASTRONÔMICO DE FAVELAS
Neste sábado (24/5) e domingo, a partir das 12h, no Mercado da Lagoinha (Av. Pres. Antônio Carlos, 821, Lagoinha). Entrada franca.

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