Mostra "Resistências cinematográficas" exibe clássicos filmados no Brasil
A segunda edição do projeto itinerante Viva Cinemateca selecionou filmes que retratam períodos de regimes autoritários e antidemocráticos no Brasil
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Siga noA mostra “Resistências cinematográficas” é a segunda edição do projeto itinerante Viva Cinemateca, que visa ampliar a difusão do cinema nacional. Em 2023, a iniciativa exibiu em 15 cidades, incluindo Belo Horizonte, filmes clássicos e importantes da história brasileira. Desta vez, o circuito percorre 11 cidades.
Desta terça-feira (27/5) a domingo (1º/6), serão exibidos gratuitamente longas e curtas da Cinemateca Brasileira – o maior acervo de filmes da América do Sul –, que retratam períodos de regimes autoritários e antidemocráticos no Brasil.
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O tema marca os 60 anos do golpe de Estado realizado pelos militares em 1964. “A itinerância começou no ano ado e, com esse marco, a gente pensou em mostrar a vocação democrática do cinema brasileiro. A resistência a processos autoritários está bem presente em toda nossa história”, comenta César Turim, gerente de difusão da Cinemateca Brasileira e curador da mostra.
Coutinho, Jabor e Ruy Guerra
Estado Novo, ditadura militar e genocídios indígenas são alguns dos temas abordados, com obras que variam entre ficção, documentário e animação. “Cabra marcado para morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, “A opinião pública” (1967), de Arnaldo Jabor, e “Os fuzis” (1964), de Ruy Guerra, são alguns dos clássicos em exibição.
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A programação estreia nesta terça, às 15h, com o indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional “O que é isso, companheiro">Fernanda Torres, Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Pedro Cardoso e Selton Mello –, o longa retrata, por meio da ficção, o sequestro real do embaixador dos EUA no Brasil, Charles Burke Elbrick, por militantes da esquerda.
Às 17h, será a vez do filme de Roberto Farias, “Pra frente Brasil” (1982). Nele, Reginaldo Faria é Jofre Godói, trabalhador da classe média que, ao dividir um táxi com um militante de esquerda, é confundido e sequestrado por órgãos de repressão militar. Enquanto o protagonista é torturado em instalações do governo, o país se prepara para a Copa do Mundo de 1970, no México.
Cinema Novo
Encerrando o dia, às 19h15, será exibido “Terra em transe” (1967), de Glauber Rocha. Por meio de metáforas, o longa retrata o fictício país Eldorado, onde, entre populismo e golpes de Estado, o jornalista e poeta Paulo (Jardel Filho) provoca revoluções políticas.
A mostra também inclui uma sessão de curtas amanhã (28/5), às 16h. Serão exibidos “A libertação de Inês Etienne Romeu” (1979), de Norma Bengell; “Torre” (2017), de Nádia Mangolini; “Vala comum” (1994), de João Godoy, e “Arara: Um filme sobre um filme sobrevivente” (2017), de Lipe Canêdo. O filme de Canêdo é o único mineiro da mostra e retrata a formatura da Guarda Rural Indígena em Belo Horizonte, em 1970, no que pode ser considerado o único registro público de tortura no Brasil.
“RESISTÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS”
Mostra em cartaz até 1º de junho, no Cine Humberto Mauro (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Entrada franca, com retirada de ingressos na plataforma Eventim uma hora antes da sessão, e na bilheteria física, 30 minutos antes da sessão, mediante apresentação de documento com foto. Agenda completa disponível no site da Fundação Clóvis Salgado.
* Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco