LITERATURA

Frei Betto aborda dependência química do irmão em novo livro

Ele lança "Quando fui pai do meu irmão", nesta quinta-feira (29/5), em Belo Horizonte, no projeto Sempre um Papo, que tem entrada franca 

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Misto de autobiografia e relato memorialístico, “Quando fui pai do meu irmão”, mais recente livro de Frei Betto, costura meia dúzia de episódios que marcaram sua vida. O que serve de eixo e justifica o título da obra se refere ao período em que teve que cuidar do irmão caçula, dependente químico e afetado por distúrbios mentais.

O autor vem a Belo Horizonte, como convidado do projeto Sempre um Papo, para o lançamento e debate sobre o livro, nesta quinta-feira (29/5), na Biblioteca Pública Estadual.


Os outros eventos que Frei Betto resgata em “Quando fui pai do meu irmão” são os dois períodos em que esteve preso durante o regime militar, sua recusa em embolsar U$ 2 milhões em troca de uma informação que não causaria prejuízo nenhum a ninguém, o ofício de escrever e o fato de ter acompanhado de perto os ritos fúnebres de Tancredo Neves.

Ele destaca que o viés memorialista sempre esteve presente em sua obra, em livros como “Batismo de sangue” e “Diário de Fernando”, que focam na ditadura.

Sobre ter sido “pai” de seu irmão, o autor conta que Antônio, o caçula de oito filhos, foi iniciado nas drogas com 12 anos e, aos 16, sofreu um acidente de moto que comprometeu a parte lógica de seu cérebro. Frei Betto estava morando em São Paulo quando o irmão, então com 20 anos, foi ar uma temporada com ele, para dar um pouco de sossego aos pais. A previsão inicial é que ele ficasse entre 15 a 20 dias, mas acabou ficando cinco anos.


Livro de memórias

“É um livro de memórias, autobiográfico, onde o texto mais impactante – porque foi a experiência mais forte da minha vida, mais até do que as prisões – é sobre minha relação com meu irmão. Eu já tinha abordado esse tema em palestras, talvez de maneira não tão contundente quanto está colocado no livro”, diz o autor. Ele conseguiu devolver Antônio para o convívio com os pais em Belo Horizonte livre das drogas.


Frei Betto diz que lida muito com pessoas, próximas e desconhecidas, que têm dependentes químicos na família e o procuram.

“Sempre digo que médico ajuda, internação ajuda, terapia ajuda, mas o mais importante é o amor. As pessoas querem que alguma coisa exterior a elas cuide do adicto, mas o afeto é a porta de saída. É fácil amar tendo reciprocidade imediata, mas é muito difícil dar sem receber. Temos que ser capazes de fazer isso, entregar uma carga intensa de amor, para tirar a pessoa do buraco”, diz.


Ele considera que o impacto do texto é falar de uma experiência concreta que resultou positiva. “Costumo dizer que o dependente químico e o místico religioso se parecem. Os dois descobriram uma coisa fundamental: que a felicidade está dentro. É uma verdade difícil de descobrir numa sociedade capitalista, que insiste em dizer que a felicidade está fora, nos bens de consumo. O adicto tem a experiência do êxtase, mas, quando ela a, ele vai para o buraco, ao o que o místico encontra a plenitude”, ressalta.


O vício também está presente, por um outro prisma, no tomo de “Quando fui pai do meu irmão” em que Frei Betto fala do ofício de escrever. Ele diz que é movido à escrita assim como o adicto é impelido a buscar cocaína ou álcool. “Me sinto mal se o um dia sem escrever, sou compulsivo; minha forma preferencial de comunicação com o mundo, com as pessoas, é a escrita”, diz, destacando que seu octogésimo livro, “Jesus amoroso”, que fecha uma quadrilogia, será lançado ainda este ano.


SEMPRE UM PAPO COM FREI BETTO
Lançamento do livro “Quando fui pai do meu irmão”, com mediação de Afonso Borges, nesta quinta-feira (29/5), às 19h30, na Biblioteca Pública Estadual (Praça da Liberdade, 21, Funcionários). Entrada gratuita, sujeita à lotação do espaço.

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