São Paulo – Cada geração tem seus heróis. Os grandes atravessam o tempo. O Wilco, fundado em Chicago, 32 anos atrás, é hoje a maior banda indie do mundo. Pela terceira vez no Brasil, o grupo comandado pelo cantor, compositor e guitarrista Jeff Tweedy, de 57 anos, faz neste domingo (25/5) o show mais esperado da terceira edição do C6 Fest. 

“As pessoas ficam animadas para ouvir discos antigos. Como banda, ficamos animados com material novo. Queremos deixar espaço para as músicas mais antigas e representar quem somos neste momento”, afirmou Tweedy, na sexta ada, pouco antes de o grupo subir ao palco no Parque Ibirapuera para ensaiar. 

O EM assistiu ao início deste ensaio, que contou com um hit – “Either way” – e duas da safra mais recente - “Bird without a tail/Base of my skull”, do álbum “Cruel country” (2022), e “Annihilation”, do EP “Hot sun cool shroud” (2024). “Acho que o rock and roll, e ser parte de uma continuação dele, é a melhor parte dos Estados Unidos”, disse Tweedy. 

Em turnê, o grupo vai ar por 52 cidades das Américas e Europa ao longo de cinco meses (até agosto). Está celebrando duas décadas da atual formação, reunida a partir de 2004: o baixista John Stirrat, que está com Tweedy desde a criação do grupo, o baterista Glenn Kotche, o tecladista Mikael Jörgensen, o multi-instrumentista Pat Sansone e o guitarrista Nels Cline, que foi quem se tornou o protagonista das explosões instrumentais da banda.

A vinda do Wilco ao Brasil coincide com o lançamento do terceiro livro de Tweedy, “Como escrever uma canção” (Edições Sesc São Paulo, 136 páginas), em que ele revela seu processo criativo. Na obra ele afirma que a “inspiração é superestimada” e que ele gosta (e precisa) de deadline.

“Não que você não precise de inspiração”, explicou. “Mas muitas vezes as pessoas a colocam em primeiro lugar, como se fosse algo que se devesse esperar. Sou prolífico porque escrevo e toco violão todos os dias”, disse.

O diretor de cinema franco-espanhol Oliver Laxe posa durante uma sessão de fotos após ganhar o Prêmio do Júri pelo filme 'Sirat' Bertrand Guay/ AFP
O diretor, roteirista e produtor iraniano Jafar Panahi comemora no palco após ganhar a Palma de Ouro pelo filme 'Un simple accident' Valery Hache/AFP
O diretor, roteirista e produtor iraniano Jafar Panahi comemora no palco após ganhar a Palma de Ouro pelo filme 'Un simple accident' Antonin Thuillier/AFP
O diretor, roteirista e produtor iraniano Jafar Panahi comemora no palco após ganhar a Palma de Ouro pelo filme 'Un simple accident' Valery Hache/AFP
O diretor Adnan Al Rajeev e o ator francês Tawfeek Barhom posarem durante uma sessão de fotos após ganharem o Prêmio de Curta-Metragem pelo filme 'I'm glad you're dead now'. Anahi ganhou a Palma de Ouro pelo filme 'Un simple accident' Miguel Medina/AFP
A atriz iraniana Maryam Afsharimovahed protesta no palco depois que o diretor, roteirista e produtor iraniano Jafar Panahi ganhou a Palma de Ouro pelo filme 'Un simple accident' Valery Hache/AFP
O diretor, roteirista e produtor iraniano Jafar Panahi (E) e sua equipe comemoram no palco após ganhar a Palma de Ouro pelo filme Un 'Un simple accident' Valery Hache/AFP
O diretor e roteirista chinês Bi Gan posa para uma sessão de fotos após receber um prêmio especial pelo filme 'Ressurection' Miguel Medina/AFP
(Da esquerda para a direita) A atriz australiana Cate Blanchett, atriz americana e as integrantes do júri do 78º Festival de Cinema de Cannes Halle Berry, atriz italiana Alba Rohrwacher, a escritora e jornalista franco-marroquina Leila Slimani e a cineasta indiana Payal Kapadia Valery Hache/AFP
O diretor britânico Akinola Davies Jr. posa em uma sessão de fotos após receber uma menção honrosa ao prêmio Camera d'Or pelo filme "My father's shadow", ao lado da diretora e roteirista italiana e presidente do júri da Camera d'Or, Alice Rohrwacher, e do diretor iraquiano Hasan Hadi, vencedor do prêmio Camera d'Or pelo filme 'The president's cake' Miguel Medina/AFP
O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho posa com o prêmio de Melhor Diretor pelo filme 'O Agente Secreto' Miguel Medina/AFP
O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho posa com a produtora sa Emilie Lesclaux durante sessão de fotos após ganhar o prêmio de Melhor Diretor pelo filme 'O agente secreto' e com o prêmio de Melhor Ator, entregue ao ator brasileiro Wagner Moura Miguel Medina/AFP
O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho posa com a produtora sa Emilie Lesclaux durante sessão de fotos após ganhar o prêmio de Melhor Diretor pelo filme 'O agente secreto' e com o prêmio de Melhor Ator, entregue ao ator brasileiro Wagner Moura Miguel Medina/AFP
A atriz sa Nadia Melliti (à direita) posa com a diretora e roteirista sa Hafsia Herzi durante uma sessão de fotos com seu troféu após ganhar o prêmio de Melhor Atriz por sua participação no filme 'La petite derniere' Miguel Medina/AFP
A diretora e roteirista alemã Mascha Schilinski posa durante uma sessão de fotos após ganhar o Prêmio do Júri pelo filme 'The sound of falling' Bertrand Guay/ AFP
A atriz sa Nadia Melliti posa durante uma sessão de fotos com seu troféu após ganhar o prêmio de Melhor Atriz por sua participação no filme 'La petite derniere' Bertrand Guay/ AFP

“É muito difícil escrever 365 músicas que não soem bem para você. Provavelmente (ao final de um ano) você vai acabar com pelo menos 10 que ama. A capacidade de se inspirar é muito importante. Para mim, isso vem através de curiosidade sobre o mundo, lendo coisas que não têm nada a ver com música.” 

Paixão

Não só o conhecimento, mas sobretudo a paixão dos integrantes do Wilco pela música brasileira chama a atenção. Sansone está em busca de um álbum raro de 1972, “Nelson Angelo e Joyce”. 

“Uma das emoções de estar aqui é que tenho um profundo amor pela música brasileira. Não tenho ideia do que as letras dizem, mas a música me preenche com muito sentimento”, disse Sansone. 

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Glenn Kotche descobriu recentemente o Quarteto em Cy. Já Nels Cline se dedica diariamente a ouvir a produção sessentista e setentista, à qual chegou através da obra de Egberto Gismonti. Ele descobriu a bossa nova quando ela se popularizou nos EUA. 

Adora Tom Zé, Milton Nascimento, ouviu 12 álbuns de Caetano durante a pandemia com a mulher, a musicista Yuka Honda, fundadora da banda Cibo Matto. Com ela, Cline tem ouvido – “Todas as noites, na hora do jantar” – a música de Lô Borges. “A música brasileira é do tipo que faz alguém ficar feliz por estar vivo.” 

*A repórter viajou a convite da organização do festival

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