Mônica de Aquino une forças para 'dizer sim' com poesia e alegria
Projeto idealizado pela poeta mineira começa na próxima quarta-feira no Museu da Moda de BH e tem Ana Martins Marques e Veronica Stigger entre os participantes
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Siga noComeça na próxima quarta-feira e segue até o dia 24 o projeto “Dizer sim: poesia, alegria e resistência”, idealizado e coordenado pela poeta Mônica de Aquino. Ana Martins Marques, Cao Guimarães e Veronica Stigger estão entre os convidados de uma programação com mesas de debate, exibição de filme, leitura de poemas e performance no Museu da Moda de Belo Horizonte (MUMO). Em depoimento ao Pensar, Mônica revelou como surgiu o evento literário.
“A ideia inicial do projeto “Dizer sim: poesia, alegria e resistência” surge logo após o período da pandemia, num momento de reafirmação dos encontros e da vida coletiva. Contra todo o contexto adverso também do ponto de vista político, "dizer sim" era apostar de novo na alegria como força propositiva e impulso criativo; escolha que, por diferentes motivos, em nosso período histórico de desencantamento, me parece mais atual do que nunca.
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Eu estava relendo “Sobrevivência dos Vagalumes”, do historiador de arte e filósofo francês Georges Didi-Huberman. No livro, esses pequenos insetos, do diagnóstico de desaparecimento feito em um ensaio pessimista do cineasta e poeta italiano Pier Paolo Pasolini, tornam-se metáfora de resistência: são a pequena luz que brilha mesmo na total escuridão, que formam um enxame que o autor compara a uma comunidade desejante; luzes mínimas, próximas do chão mas que, juntas, formam uma constelação.
‘Dizer sim na noite atravessada de lampejos’ é uma das frases do livro, e ela brilhou ali para mim como um sim luminescente, um convite para tornar esta palavra-chave também constelar: assim nascia o projeto, que construí a partir desta e de outras citações da literatura que tomam a palavra ‘sim’ como centro de força.
Cada frase ou verso dá título a uma das mesas de debate. E havia ‘sins’ incontornáveis, com sentidos múltiplos: ‘Sim, eu disse sim, eu quero sims’, frase final do famoso monólogo da personagem Molly Bloom, do romance ‘Ulisses’ de James Joyce (aqui em tradução de Antônio Houaiss), instaura este sim feminino no coração do evento, um sim para o encontro amoroso e para afirmação do desejo. Junto com ele, está outro sim, agora de uma escritora, Clarice Lispector, frase que desta vez inicia o romance (‘A hora da estrela’): "Tudo no mundo começou com um sim." Com ela, desde a investigação das origens, vamos ao início da vida, à maternidade e paternidade, à infância. Origem que estará, também, na exibição e debate do filme ‘Otto’, do diretor Cao Guimarães; infância como força criativa e especulativa, desde o primeiro dia, com a conferência de abertura da professora Rosana Kohl Bines.
A arte como uma forma de dizer sim: a própria criação artística será o centro da conversa na mesa ‘O sim contra o sim’, nomeada a partir de um poema de João Cabral de Melo e Neto. Cada mesa, assim, conhece uma inflexão de sentido específica para a palavra ‘sim’. A política, a dimensão questionadora e participativa da arte, está posta como problema aberto e que se volta para tantas obras de arte possíveis. Compõem ainda o evento a leitura aberta do livro ‘De uma a outra ilha’, de Ana Martins Marques, feita pela própria poeta; uma aula da escritora Veronica Stigger e a performance de encerramento de Ludmilla Ramalho. O que queremos é misturar diferentes expressões artísticas que se potencializam nesta mescla, tendo como eixo a poesia.”
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