Carnaval BH: bloco Estagiários Brass Band homenageia a capital mineira
Fanfarra ativista leva inclusão e diversidade musical ao bairro Santa Inês, na Região Leste de Belo Horizonte
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Siga noO Bairro Santa Inês, na Região Leste de Belo Horizonte, se transforma no palco vibrante do cortejo do Estagiários Brass Band (EBB), um bloco que vai além da folia carnavalesca, nesta segunda-feira de carnaval (3/3). Criado a partir de uma fanfarra ativista, o EBB se dedica a levar a música de rua para diferentes eventos ao longo do ano, promovendo inclusão e o à prática instrumental.
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O desfile deste ano traz uma fusão de estilos, ando pelo repertório tradicional de fanfarras, músicas autorais e releituras de clássicos brasileiros. Pela primeira vez, o bloco apresentará uma canção inédita, composta especialmente para os Estagiários.
“Vamos tocar aproximadamente 54 músicas, indo do funk a clássicos da música mineira, além de uma composição autoral feita especialmente para os Estagiários”, conta Vladimir, integrante do EBB.
O cortejo contará com cerca de 200 sopristas, 20 percussionistas e mais 50 voluntários.
Homenagem a Belo Horizonte
Este ano, o cortejo presta homenagem a Belo Horizonte, celebrando a cidade, seus símbolos culturais e personagens marcantes. Para abrir a festa, o bloco iniciou o desfile ao som de "Lugar Melhor Que BH", de César Menotti & Fabiano.
A brincadeira com referências da capital mineira também se reflete nas fantasias dos foliões. Figuras icônicas como o Jacaré da Pampulha, ambulantes da Praça Sete com placas de "Vendo Ouro", e foliões fantasiados de gatinhos do Parque Municipal compõem o cenário irreverente do bloco.
As irmãs Júnia Andrade, 39 anos, e Juliana Andrade, 42 anos, levam outro nome conhecido para o desfile: Dilma Rousseff. "De Dilma, aqui nos Estagiários, é a primeira vez, mas começamos a sair no primeiro mandato dela e agora todo ano estamos aí", contam as duas, que vão tocar trompete no bloco.
Além das homenagens, o bloco mantém uma tradição lúdica, criando uma narrativa ficcional protagonizada por um urso trompetista, inspirado em histórias circenses. Em edições adas, o personagem já foi ao espaço e ao fundo do mar. Agora, ele retorna a Belo Horizonte para celebrar a cidade. O desfile também traz um espetáculo visual com mais de uma dezena de voluntários em pernas de pau, reforçando o tom circense da apresentação.
Outra referência que chamou a atenção foi o anestesista Tadeu Alves de 43 anos, que veio de Fuad Noman, prefeito que está afastado por motivos médicos. "Já que o tema é BH, porque não se vestir do prefeito?", diz o médico que está tocando saxofone alto.
De fanfarra a bloco de carnaval
O Estagiários Brass Band surgiu em 2018, quando um grupo de músicos que se reuniu para tocar em espaços públicos. No ano seguinte, o coletivo realizou seu primeiro cortejo oficial de carnaval, consolidando-se como bloco e ganhando espaço na cena cultural de Belo Horizonte.
Desde então, o EBB participa de diversos eventos, como a Virada Cultural e as celebrações juninas e natalinas da cidade. Além disso, o grupo integra festivais internacionais, como o Honk Festival, um encontro de fanfarras que ocorre nos Estados Unidos e na Europa.
“O Estagiários é a fanfarra anfitriã do Honk BH, que aconteceu em agosto do ano ado. Como há fanfarras no Brasil inteiro, nós também participamos de outros festivais, como o Honk São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre”, destaca Vladimir.
Música para todos
Mais do que um bloco, o Estagiários Brass Band se tornou um projeto de inclusão musical, acolhendo músicos amadores e profissionais.
“A gente ensaia toda sexta-feira na Praça Floriano Peixoto, e qualquer pessoa pode chegar. Se alguém diz ‘tenho um saxofone parado há cinco anos e quero voltar a tocar’, nós recebemos, integramos ao grupo do WhatsApp, disponibilizamos partituras e essa pessoa começa a ensaiar conosco”, explica Vladimir.
Apesar da proposta inclusiva, ainda há desafios.
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“Nosso sonho seria oferecer instrumentos para quem quer aprender do zero, mas ainda não temos estrutura para isso. Quem já toca um instrumento de sopro entra mais facilmente, enquanto iniciantes precisam buscar aulas antes de se integrar.”
Além do incentivo musical, o coletivo preza por um ambiente seguro e respeitoso. Para ingressar no grupo, novos membros preenchem um formulário se comprometendo a manter uma postura inclusiva e sem discriminação.
Com essa mistura de música, ativismo e irreverência, o Estagiários Brass Band segue transformando o carnaval de Belo Horizonte em uma grande celebração da cidade e de sua diversidade cultural.