
Deputada apresenta projeto que cria 'auxílio emergencial' para deportados
Beatriz Cerqueira (PT) quer oferecer programa de transferência de renda de um salário mínimo por 12 meses para repatriados
compartilhe
Siga noA deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) enviou à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta segunda-feira (10/2) um projeto de lei que propõe a criação de um auxílio financeiro para imigrantes mineiros deportados dos Estados Unidos após o endurecimento das políticas anti-imigratórias de Donald Trump (Republicanos). O valor do auxílio para a família, incluindo as unipessoais, é de um salário mínimo pelo tempo de 12 meses a partir de sua concessão.
-
10/02/2025 - 10:09 Deputado estadual defende ditadura militar e diz que Hitler era de esquerda -
10/02/2025 - 10:22 Latam entra na Justiça contra União para suspender assistência a repatriados em Guarulhos -
10/02/2025 - 12:54 Loíde Gonçalves é eleita presidente da Comissão de Mulheres na Câmara de BH
Segundo o texto, serão beneficiados cidadãos brasileiros com residência em Minas Gerais, que são expulsos de países estrangeiros. Não poderão ser contemplados com o auxílio quem tiver cometido crime reconhecido pela lei penal brasileira e a família que tiver renda per capita a partir de um salário mínimo ou que seja de servidor público. O auxílio emergencial será recebido pelo responsável pelo núcleo familiar e as mulheres deverão ter preferência no recebimento.
Dados da Polícia Federal indicam que mais de 7 mil brasileiros foram deportados dos EUA desde 2020. Na última sexta-feira (7/2), uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, trazendo 88 deportados dos EUA. A aeronave partiu de Fortaleza, onde o grupo com 111 repatriados chegou em um voo da Global X, enviados pelo governo norte-americano.
A escolha do trajeto, elaborado após negociações do Governo Federal junto às autoridades norte-americanas, teve como objetivo permitir que os brasileiros não permanecessem algemados ao sobrevoarem o território nacional.
A chegada do primeiro voo de deportados após a posse de Trump, no final de janeiro, causou incômodo no governo brasileiro, que afirmou, em nota do Ministério de Relações Exteriores, que o “uso indiscriminado de algemas e correntes viola os termos de acordo [de repatriação] com os EUA, que prevê o tratamento digno, respeitoso e humano dos repatriados”.
O repatriado Rafael Marciano, de 27 anos, denunciou maus-tratos na aeronave dos EUA. “Tinha pão com salame para comer, mas o salame estava podre. Muito ruim”, contou ao Estado de Minas. Em conversa com a reportagem, Marciano e outros deportados relataram violência e descaso com um dos tripulantes. “Um homem de uns 50 anos estava com dificuldades para respirar e pediu um remédio. Ele caiu no chão porque estava com as mãos e pés algemados. Tinha uma médica no voo, mas ela sumia. Ajudou na hora, mas algemaram ele novamente”, afirmou.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
O PL de Cerqueira ará pela Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) e deve seguir para comissões temáticas antes de ser apreciado em plenário. O governo federal, por sua vez, ainda não mencionou a possibilidade de elaboração de projetos de transferência de renda para repatriados. Em coletiva com a imprensa, a ministra dos Direitos Humanos e Cidadania Macaé Evaristo afirmou que a pasta está estudando formas de oferecer dignidade a essas pessoas e que os casos serão analisados individualmente.